Tem uma música interessante do Nando
Reis chamada “A minha gratidão é uma pessoa”. Fala de alguém que perdoou seu
companheiro de um erro que ele cometeu, das dificuldades que é conviver com
isso, mas também da necessidade de se superar a mágoa, a ferida causada e
seguir em frente admitindo que não se pode achar a perfeição numa pessoa, num
ser humano. Interessantíssima é a última frase da poesia dessa música que diz
que eles “estavam livres da perfeição que só fazia estragos”.
Fiquei ruminando essa frase “estavam
livres da perfeição que só fazia estragos” e com a mente de quem gosta de
pensar sempre trazendo a pergunta “o que de Deus pode ter ai?” passei a pensar
teologia com essa frase na cabeça.
Com Paulo em mente, penso que uma das
falhas de se viver e expressar o cristinismo está na auto-cobrança e cobrança
externa opressiva que vemos hoje para se exigir perfeição do homem e da mulher
de Deus. Porque Paulo em mente? Lembrei do apóstolo Paulo escrevendo aos
Filipenses (no capítulo 3 versículo 12) “Não que já a tenho alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus”. Vejam que o Apóstolo fala
claramente que ele não alcançou, ele não é perfeito!
Vivemos hoje na "ditadura da excelência",
falamos de "vitória", do "sucesso", da "conquista". E há extrema dificuldade de se
viver o "caminhar mais uma milha", de ter tolerância, paciência, praticar o
perdão e, sobretudo, o amor. Exigimos a perfeição de tal forma e nos cobramos a
perfeição de tal forma que não abrimos espaço para a prática do amor e da
misericórdia. E onde está a dinâmica da graça (favor não merecido) nisso?
Veja bem, não estou aqui falando que
devemos viver dissolutamente, sem compromisso com a Palavra e com a vontade de
Deus para nossas vidas. Mas estou propondo que passemos a reconhecer, admitir
nossa pequenez, as nossas falhas, os nossos dilemas, dificuldades...
Se cobre menos. Reconheça sua natureza
em que errar faz parte. Não é pra que diante do erro você não busque o
arrependimento, a confissão e a mudança. Não! Você deve reconhecer o erro, se
arrepender, confessar e mudar, mas o que digo é: não se martirize! Reconheça a
sua fraqueza, dependa mais de Deus, espere e se apóie em Deus para sua força.
Não é a toa que o mesmo apóstolo Paulo na sua segunda carta à igreja de Corinto
(capítulo 12 versículo 10) escreve “Porque quando estou fraco, então é que sou forte”
Livre-se dessa ditadura da perfeição
que gera opressão, depressão, culpa – “perfeição que só fazia estragos”. E viva
na dinâmica da misericórdia e do amor cristão e da dependência e graça do nosso
Deus.

isso!
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