30/08/2012

JESUS É A RESPOSTA, MAS QUAL É A PERGUNTA?


*Reflexão trazida por mim no Culto da Juventude da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha em 24 de Junho de 2011.



        Essa palavra de Jesus que encontramos no Evangelho de João pode ser usada definitivamente por qualquer cristão para justificar e embasar a máxima: “Jesus é a Resposta” Mas para este que é ávido em declarar qual é a resposta, será que ele sabe também dizer qual é a pergunta?

        Para começar a pensar sobre isso vou citar um teólogo e pastor alemão que admiro bastante, o nome dele é Dietrich Bonhoeffer, que certa vez disse:

        “São muitas as pessoas à procura de um ouvido que as ouça. Elas não o encontram entre os cristãos, porque eles falam quando deviam ouvir. Quem não mais ouve a seu irmão (ã), em breve não mais ouvirá a Deus (...) Quem não consegue ouvir demorada e pacientemente, estará apenas conversando à toa e nunca estará realmente falando com os outros, embora não esteja consciente disso.

Uma boa primeira pergunta é: Quem nós somos e onde estamos hoje?

        Talvez você já deva ter escutado que estamos vivendo numa era chamada Pós-moderna marcarda por:
  • Um pluralismo relativista, onde todos os valores, princípios e crenças são relativizados e há uma gama deles para escolher o que mais se enquadra ao “gosto do freguês”;
  • Ênfase na vida privada ou privatização, onde meu espaço e o seu espaço não extremamente delimitados e o que faço no meu não lhe diz respeito e vice e versa, onde eu me fecho num ostracismo em relação ao outro meio que me protegendo desse outro;
  • Secularização de todas as coisas;
  • Consumismo desenfreado, a máxima dessa característica é que hoje se tem a necessidade de comprar aquilo que não preciso, com o dinheiro que não tenho, para impressionar a quem não conheço;
  • Sociedade midiática ou ainda sociedade do espetáculo, sociedade tecnológica, onde o descarte daquilo que já ficou antigo (apesar de ter sido lançado ontem) é feito com muita tranquilidade.

        Isso para nossa questão aqui é interessante, posto que nos aponta pra uma geração muito diferente do que havia. Não é uma geração de avanço com continuidade. Mas uma geração que tem necessidade de distinção, de ser propositor, se desligando (rompendo) do antigo. Ser distinto é imperativo e assim nos diferenciamos e nos constituímos em nações, tribos, grupos distintos. Diferenciamos-nos como família, clã, nações, língua, riqueza, raça, gênero e por ai a fora.

E a pergunta é: Como nós vamos lidar com isso?

        Temos que nos fazer algumas perguntas:
  • Há uma mutação ou é simples decurso natural do processo?
  • Há verdade que são imutáveis?
  • Há realidades comuns independente da época?
  • Como vamos enfrentar isso?
        i.  Negar a diferença?
     ii. Não aceita-las? Algumas temos que não aceitar mesmo. RAÇA – só existe a humana. GÊNERO – O mesmo Deus criou o homem e a mulher com mesma glória, mesma dignidade.

Quero pôr mais “lenha na fogueira”. Nós estamos saindo da era de Gutemberg, sendo que 50% do planeta ainda não chegaram nessa era sendo ainda analfabetos! Falamos de compromisso com Deus quando as universidades O questionam e questionam a religião, bem como o poder ou relevância dela, uma vez que não podemos mais nos dar o luxo de um maluco dizendo que, em nome da sua divindade, infiéis sejam eliminados e deflagre uma guerra atômica. Nosso arsenal atômico hoje é capaz de acabar com o planeta 20 vezes. O pensamento não é tão ilógico assim! Para se evitar o fim, nós temos que acabar com o fanatismo, logo nós temos que acabar com a religião, logo nós temos que acabar com Deus.

E a pergunta é: Qual é a nossa capacidade de dialogar com um mundo que tem essa lógica?

        Já perceberam a quantidade de vezes que ouvimos sermões que não pregam (falam) para ninguém? Pregamos como se uma porção de coisas fossem pontos pacíficos, mas que hoje não são. Em contrapartida gosto do exemplo de como um teólogo, pastor e filósofo Ariovaldo Ramos abordou o tema ESPIRITUALIDADE X FÉ CRISTÃ numa palestra, ele começou:
        “Espiritualidade é a busca por significado.” (não usou busca por Deus, a priori se comunicou com todos, uma vez que todos precisam saber o motivo pelo qual acordam todas as manhãs, trabalham, etc...). Continuou dizendo que “o que sempre dava significado as coisas era a religião”. Identificou que hoje as pessoas buscam significado fora da fé, e ponderou “será que isso é possível?” E traçou uma diferenciação entre Ocidente e Oriente e mostrou que a diferença estava no Pai Nosso como elemento de consciência civilizatória de uma cultura em busca de igualdade. Creio que até você está interessado nessa exposição... (rsrs) Mas veja! Era pacífico que religião dava significado, mas houve todo um esforço pra que isso efetivamente fosse mostrado.

E a pergunta é: em meio a tantas “explicações” como abordar a questão do mistério de Deus e do próprio de Deus?

        Vamos responder a isso ou vamos viver em guetos de sobrevivência? Assumir a realidade e dar respostas X Sobrevivência em “guetos cristãos”
        Vamos dialogar ou negar o que está acontecendo? Diálogo X Negação
       
  • Num mundo marcado por perguntas, não admitem questão;
  • Temos agora os Apóstolos, Patricarcas, Bispos, Primazes, Papas e afins  que, blindados por esses nomes, não admitem ser questionados – tem “palavra de autoridade”
  • Apresentam um Deus longe, insondável, inteligível.

        Dos teólogos, são basicamente duas posturas observadas:

FUNDAMENTALISTA CRISTÃO
CRISTÃO LIBERAL
Inquestionável
Abre mão de valores/princípios da Bíblia
Não dialoga
Tem medo de ser considerado obscuro e retrógrado
Unívoco
Tenta colocar Deus em algum lugar (ainda tem qualquer coisa de fé).
             
              

        Interessante é observar que Cristo não tem medo de pergunta – ele nunca se esquivou de uma! Ele se sustenta em qualquer época porque tem todas as respostas. Nós não temos que ter medo das perguntas, nem de explicar. Basta que conheçamos as perguntas e as respostas bíblicas.

Tenho uma proposta de como lidar com tudo isso:
ü      Aprofundar-se nas Escrituras;
ü      Escutar;
ü      Ponderar pra entender: o que de Deus tem nisso ai? Isto é fazer uma releitura a realidade e tentar identificar o que de Deus tem nesta realidade:
o   Hoje temos uma comunicação fácil... Entenda o exemplo do Pentecostes (Deus nos capacita para nos comunicarmos com o outro que precisa receber a mensagem);
o       Mundo sem fronteiras anunciado hoje. Isto já se fez conhecer na tradição cristã sob o nome “Comunhão de todos os santos” (Credo Apostólico)
ü      Levante questões (isso inclui se questionar também);
ü      Responda.

Não temos que ficar com medo – Deus está conosco;
Não temos que fugir disso tudo – Deus está conosco;

Finalmente, não podemos tratar de tudo aqui, seria até bom, mas não temos o tempo necessário. O importante desse dialogo é que alguém pode se virar pra gente e dizer: “Não concordo com você, mas entendo (de verdade) suas razões” que é diferente de “Não concordo com você, porque você é obscuro e não tem argumentos relevantes.”

Caro irmão e irmã, o ser humano de toda geração estará sempre em busca de uma identidade, e todas elas (pode estar certo disso!) poderão e serão encontradas em Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus.

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PS: Como diz um ditado popular: "Uma imagem vale mais que mil palavras" (veja)

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