14/08/2012

A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO E A MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA



        Neste post vou fazê-lo em tópicos para construção do pensamento, não vou transcrever todos os textos, mas porei (como de costume) link para o texto bíblico numa Bílblia on-line.

        Vamos primeiramente ter algumas coisas em mente antes de começar a escrever efetivamente para a construção do nosso itinerário.

  • Quando Paulo fala de “escritura” em sua segunda carta à Timóteo (3:16) Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;” ele se referia ao Primeiro Testamento. (lembremos que o segundo testamento ainda estava sendo escrito, alguns evangelhos datam do final do primeiro século);
  • Este primeiro testamento era praticamente a única história escrita dos judeus;
  • Assim como Jesus expõe, por ocasião da sua caminhada com dois discípulos à Emaús, Paulo via a obra de Cristo como a culminação dessa “História da Pátria” que podemos dizer ser uma “História da Salvação” ou ainda “Plano de Deus para a Salvação”.

        Nosso foco, em semelhança ao post “SAL-VA-ÇÃO, SALVAÇÃO, VAMOS PENSAR”, é alargar, ter uma visão global/integral da mensagem bíblica como história da Salvação.

I – Bíblia de Gênesis a Apocalipses, uma história.

        Não sou muito afeito a realizar uma leitura sincrônica da Bíblia, mas uma coisa me chama a atenção. A Bíblia é um livro que começa e termina com quase as mesmas palavras (com o mesmo tema, com certeza) veja:
No princípio Deus criou os céus e a terra.” (Gênesis 01:01) e “Então vi um novo céu e uma nova terra” (Apocalipse 21:01). A mensagem bíblica se dá nessa marcha de uma criação para a outra onde se realiza o Plano da Salvação, vamos caminhar nessa marcha:
  • Na narrativa de gênesis, vemos a desobediência destruindo (Gênesis 03:06) a boa ordem da criação. E ai temos o primeiro fraticídio (04:08), a presença de bigamia (04:19), assassinato (04:23) e por ai a fora;
  • Quando chegamos no capítulo 12 há o início de uma nova história de graça e bênção (12:03) com a chamada de Abrão. É a graça de Deus lutando com o pecado para preservar o sentido original da criação (que só se realizará plenamente na nova criação)
- Um parênteses aqui, só pra pensar numa coisinha... Segunda carta de Paulo aos Coríntios (05:17) diz Portanto,se alguém está em Cristo, é nova criação.” Interessante isso! Podemos dizer que somos as primícias dessa nova criação, logo representantes dela – deste Reino de Deus. Legal, não?

II – Abraão, com ele inaugura uma nova História da Salvação

  • Irrompe bênção e graça;
  • É chamado para uma peregrinação de fé;
  • Fé esta que lhe imputa (atribui) justiça;
  • É identificado como amigo de Deus (II livro de Crônicas 20:07; Isaias 41:08);
  • Dele surge um novo povo próprio de Deus;
  • A promessa recebida por Abraão e renovada com seus descendentes aparece sempre com duas palavras: “bênção” e “nações”. A primeira reação de nós, cristãos, ao lermos essa passagem é pensar que esta bênção é Cristo (que irá nascer da descendência de Abraão), mas vamos com calma... No pensamento hebraico e no contexto os termos são literais e, em princípio, não devem ser (digamos) espiritualizados.
  • Bênção é o que chamamos de bem-estar, é a shalom dos judeus, é a vida (Deuteronômio 30:19-20) abundante em todas as dimensões e relações.
  • Nisto é interessante ver o comportamento diplomático de Abraão resolvendo os litígios de alguns grupos na terra. Gerando a paz e o bem-estar entre as partes. Mas sobre tudo há um momento em que esse chamado de ser bênção às nações se realiza plenamente: estamos falando de José.

III – José, a realização plena da promoção de bênção (bem-estar, paz) para às nações

  • Com José no segundo cargo de mais importância no governo do Egito (somente abaixo do Faraó) ele cria dispensas para alimentar pessoas durante uma crise de desabasticimento;
  • A maldição atuou contra ele (quando foi vendido como escravo pelos seus irmãos) porém Deus a transformou em bênção;
  • Deus o chama para a “diaconia política” (política, no dicionário é promover o bem-estar de todos);
  • Com José a promessa é cumprida literalmente e do povo de Deus a vida das nações é conservada;

    Uma primeira conclusão: Compreender o Evangelho (boa nova) segundo as Escrituras (no caso, 1º e 2º testamentos) é entedender como “bênção às nações”, ou simplesmente ser uma bênção à todas as pessoas.
1)    Bênção espiritual – Fé na morte de Cristo;
2)    Bênção pessoal – Conhecer pessoalmente a Cristo;
3)    Bênção física e material – conotação da palavra bênção no hebraico.
    Logo, evangelizar é chamar pessoas a Cristo para perdão dos seus pecados e se incorporarem ao projeto de serem bênção para as pessoas em seu redor (quer crente ou não).

    Falamos de Abraão, José agora daremos um outro salto e chegaremos ao Êxodo...

IV – Êxodo, a História continua.

- No livro de Levíticos 25:08-17 nos versos de 08-10 observamos uma espécie de Reforma Agrária;
- No Deuteronômio 15:01-11 se estipula que teriam que ser perdoadas todas as dívidas entres os israelitas de tempos em tempos (pré-determinado em Lei). Isto evitava a geração de pessoas oprimidas (devedores oprimidos por credores) na prática era algo que evitava a proliferação de pobreza no meio do povo de Deus. A lógica, falando de maneira bem simples, era "eu um dia fui escravo e de graça Deus ne libertou, assim também não escravizarei quem me deve";
- Ainda no Deuteronômio 15:12-18 versa sobre a emancipação de escravos;
  • O ciclo de comemorações do Êxodo está presente em toda a mensagem bíblica;

    Os profetas evocam a todo o momento essa tradição do Êxodo.

V – Profetas, portadores da tradição exodiana (ou tradição do Êxodo)

    Cabe ressaltar aqui o que é um profeta. Profeta é aquele que denuncia o pecado do povo ou das autoridades do povo, anunciando as consequências que isso acarretaria a Israel. Profeta não é um adivinho, o futuro que ele anuncia é consequência lógica do não cumprimento da Lei de Deus. A Lei de Deus, se fosse levada a sério, fortaleceria o povo, mas, sendo ignorada este comportamento geraria opressão entre o povo, logo ele ficaria enfraquecido. Vamos ver aqui uma pequena demonstração da denúncia que os profetas faziam em torno da não observação do Ano do Jubileu e do espírito (essência) do credo e da tradição exodiana:
  • Miquéias denuncia
- A opressão (02:08-09)
- Os opressores (07:03-04)

Agora cabe aqui um destaque todo especial:
Isaias
Jesus
Jesus toma para si esta tradição de justiça do Êxodo e dos profetas!


Conclusões finais:


        Essa tradição de promoção do bem-estar (da shalom - a paz que não é simplesmente a ausência de guerra, mas o bem-estar em todas as dimensões do ser humano) começa no Jardim do Éden, mas isto se perde com a desobediência. Para salvar o homem Deus inicia um projeto em Abraão, projeto que avança nas conseqüências do Êxodo, é sustentado pelos profetas, assumido por Cristo, e deve ser praticado pela Igreja e se realizará cabalmente (por completo) no fim de tudo onde “não haverá maldição nenhuma” (Apocalipse 22:03).


Nenhum comentário:

Postar um comentário