
O
Salmo 23 é o salmo preferido de muitos de nós. Talvez por causa da figura do
pastor. Por comparar Deus a um pastor.
O
Senhor é o meu pastor
De
fato, a figura do pastor de ovelhas é bastante clara no salmo.
A
imagem evoca um pastor cuidadoso. A expressão “Nada me faltará” é um resumo. Um
“Salmo de Confiança”. Todo o texto é uma expressão de confiança.
O Senhor é o pastor cuidadoso. Isso nos mostra sua
ação pró-ativa em nosso favor. “Ele me faz repousar” (v.2a); “Leva-me”
(v.2b); “Refrigera-me” (v.3a) e “Guia-me” (v.3b). Todos os quatro verbos têm
como sujeito o Senhor. O meu pastor. Todas as quatro expressões mostram um Deus
interessado. Um Deus presente. Um Deus que se importa com seu rebanho.
A
seqüência das palavras no texto é importante. “Me faz repousar em pastos
verdejantes”. Ao ler essa frase seria natural pensar em alimentos, pois
“pastos verdejantes” sugere um bom alimento. Uma boa comida. Contudo, o salmo
fala em “repousar”. Isto é, descansar. Uma ovelha só repousa depois de saciada.
E a relva verdejante é o lugar apropriado para o repouso. A ovelha do Salmo 23
é uma ovelha bem alimentada. Ela é levada para descansar.
A
mesma idéia confortadora de descanso aparece outra vez no salmo. “Leva-me
para junto das águas de descanso”. É um paralelismo que realça a mesma imagem.
O pastor conduz seu rebanho para as águas tranqüilas. Não exatamente para
dessedentar a sede de suas ovelhas. Porém, para que elas encontrem descanso,
repouso.
Na
seqüência temos “Refrigera-me a alma”. O texto faz uma clara ligação com
as “águas de descanso”. Esta ligação amplia e aprofunda o sentido de repousar e
descansar. Acrescenta “refrigério” ao descanso.
Quanto
cuidado expressa este salmo! O cuidado do Senhor sobre os seus. Cuidado
demonstrado também no “Guia-me pelas veredas da justiça”. Aqui, ainda, é o
Senhor que age. É ele quem conduz. É ele quem vai à frente. Por isso são
“veredas de justiça”. Veredas de vida abundante. Veredas de descanso. Por tanto
amor, por tanto cuidado, o Senhor se fez assim: um Deus cuidador de mim.
Ainda
que eu ande

Todavia,
há uma declaração de absoluta confiança: “Não temerei mal algum”. Tal
confiança se funda em uma certeza: “pois tu estás comigo”. O pastor é
companhia constante: me faz repousar, me leva ao descanso, refrigera-me,
guia-me. E faz mais: “consola” pela ação pastoral (bordão e cajado). É como o
dizer do salmo 139.10 “Ainda lá me haverá
de guiar a tua mão e a tua destra me susterá.”
Preparas-me
uma mesa
Neste
ponto o salmo 23 muda a metáfora. Até o final do verso 4 era a figura do
pastor. Agora, a partir do verso 5, é a figura do “hospedeiro” que ocupa o
restante do salmo.
A
hospitalidade na bíblia é muito importante. É importante tanto para o hóspede
quanto para o hospedeiro. Para o hóspede o acolhimento importante, pois lhe dá
abrigo, alimento e proteção. Para hospedeiro, acolher é importante, pois tem
a oportunidade de oferecer abrigo, alimento, e proteção.
A
hospitalidade ocupa lugar de destaque entre o povo de Deus. Sua importância se
baseia na própria palavra do Senhor: “lembra-te de que foste forasteiro na
terra do Egito”.
O
hospedeiro acolhe o peregrino e prepara uma mesa para ele. Unge-lhe a cabeça
com o óleo. Oferece-lhe abundância que faz seu cálice transbordar. Ao receber
um forasteiro em sua hospedaria, o dono oferece abrigo com banho quente.
Oferece alimentos e bebidas. E oferece também, proteção contra os inimigos. “Na
presença dos meus adversários” significa proteção contra eles. A hospitalidade bíblica tem essa exigência: se
alguém está em sua tenda você é responsável pela vida do seu hóspede.
Assim,
o Senhor é apresentado como o hospedeiro que acolhe seu povo peregrino. Sua
hospedaria é “sua casa”. Seu serviço é o acolhimento. Seu diferencial: bondade
e misericórdia.
O
salmista pode exclamar com total confiança: habitarei na casa/hospedaria do
Senhor por um tempo indefinido. Pois está certo da bondade do Senhor. Confia na
misericórdia do Senhor.
O
Senhor meu Pastor e Hospedeiro
O
Salmo 23 une duas metáforas: a do pastor e a do hospedeiro. Ao juntar as duas
figuras, o salmo revela duas faces do Senhor. Uma face “Pastoral”. E uma face
“Hospitaleira”.
Como o
pastor, o Senhor cuida do seu povo. Leva-o para repousar em verde relva. O conduz
ao descanso e refrigério das águas tranqüilas. Guia o seu povo por justas
veredas. Mesmo no vale de ameaças, o pastor está em companhia do seu rebanho
para cuidar em amor.
Como
hospedeiro, o Senhor acolhe o seu povo. Põe a mesa. Prepara o banho. Dispõe o
cálice. Providencia a proteção. E o Senhor o faz com bondade e misericórdia.
Transforma sua casa em uma hospedaria para cuidar de seu povo.
Duas
metáforas, uma lição. Seja como pastor ou como hospedeiro, a lição é uma só:
podemos confiar sem reservas no Senhor. E exclamar: “Nada me faltará”.Rev. José Roberto Cristofani IPI/SP
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