31/08/2012

OBSERVADORES

Um homem percebeu...
... o que já se havia percebido.


30/08/2012

JESUS É A RESPOSTA, MAS QUAL É A PERGUNTA?


*Reflexão trazida por mim no Culto da Juventude da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha em 24 de Junho de 2011.



        Essa palavra de Jesus que encontramos no Evangelho de João pode ser usada definitivamente por qualquer cristão para justificar e embasar a máxima: “Jesus é a Resposta” Mas para este que é ávido em declarar qual é a resposta, será que ele sabe também dizer qual é a pergunta?

        Para começar a pensar sobre isso vou citar um teólogo e pastor alemão que admiro bastante, o nome dele é Dietrich Bonhoeffer, que certa vez disse:

        “São muitas as pessoas à procura de um ouvido que as ouça. Elas não o encontram entre os cristãos, porque eles falam quando deviam ouvir. Quem não mais ouve a seu irmão (ã), em breve não mais ouvirá a Deus (...) Quem não consegue ouvir demorada e pacientemente, estará apenas conversando à toa e nunca estará realmente falando com os outros, embora não esteja consciente disso.

Uma boa primeira pergunta é: Quem nós somos e onde estamos hoje?

        Talvez você já deva ter escutado que estamos vivendo numa era chamada Pós-moderna marcarda por:
  • Um pluralismo relativista, onde todos os valores, princípios e crenças são relativizados e há uma gama deles para escolher o que mais se enquadra ao “gosto do freguês”;
  • Ênfase na vida privada ou privatização, onde meu espaço e o seu espaço não extremamente delimitados e o que faço no meu não lhe diz respeito e vice e versa, onde eu me fecho num ostracismo em relação ao outro meio que me protegendo desse outro;
  • Secularização de todas as coisas;
  • Consumismo desenfreado, a máxima dessa característica é que hoje se tem a necessidade de comprar aquilo que não preciso, com o dinheiro que não tenho, para impressionar a quem não conheço;
  • Sociedade midiática ou ainda sociedade do espetáculo, sociedade tecnológica, onde o descarte daquilo que já ficou antigo (apesar de ter sido lançado ontem) é feito com muita tranquilidade.

        Isso para nossa questão aqui é interessante, posto que nos aponta pra uma geração muito diferente do que havia. Não é uma geração de avanço com continuidade. Mas uma geração que tem necessidade de distinção, de ser propositor, se desligando (rompendo) do antigo. Ser distinto é imperativo e assim nos diferenciamos e nos constituímos em nações, tribos, grupos distintos. Diferenciamos-nos como família, clã, nações, língua, riqueza, raça, gênero e por ai a fora.

E a pergunta é: Como nós vamos lidar com isso?

        Temos que nos fazer algumas perguntas:
  • Há uma mutação ou é simples decurso natural do processo?
  • Há verdade que são imutáveis?
  • Há realidades comuns independente da época?
  • Como vamos enfrentar isso?
        i.  Negar a diferença?
     ii. Não aceita-las? Algumas temos que não aceitar mesmo. RAÇA – só existe a humana. GÊNERO – O mesmo Deus criou o homem e a mulher com mesma glória, mesma dignidade.

Quero pôr mais “lenha na fogueira”. Nós estamos saindo da era de Gutemberg, sendo que 50% do planeta ainda não chegaram nessa era sendo ainda analfabetos! Falamos de compromisso com Deus quando as universidades O questionam e questionam a religião, bem como o poder ou relevância dela, uma vez que não podemos mais nos dar o luxo de um maluco dizendo que, em nome da sua divindade, infiéis sejam eliminados e deflagre uma guerra atômica. Nosso arsenal atômico hoje é capaz de acabar com o planeta 20 vezes. O pensamento não é tão ilógico assim! Para se evitar o fim, nós temos que acabar com o fanatismo, logo nós temos que acabar com a religião, logo nós temos que acabar com Deus.

E a pergunta é: Qual é a nossa capacidade de dialogar com um mundo que tem essa lógica?

        Já perceberam a quantidade de vezes que ouvimos sermões que não pregam (falam) para ninguém? Pregamos como se uma porção de coisas fossem pontos pacíficos, mas que hoje não são. Em contrapartida gosto do exemplo de como um teólogo, pastor e filósofo Ariovaldo Ramos abordou o tema ESPIRITUALIDADE X FÉ CRISTÃ numa palestra, ele começou:
        “Espiritualidade é a busca por significado.” (não usou busca por Deus, a priori se comunicou com todos, uma vez que todos precisam saber o motivo pelo qual acordam todas as manhãs, trabalham, etc...). Continuou dizendo que “o que sempre dava significado as coisas era a religião”. Identificou que hoje as pessoas buscam significado fora da fé, e ponderou “será que isso é possível?” E traçou uma diferenciação entre Ocidente e Oriente e mostrou que a diferença estava no Pai Nosso como elemento de consciência civilizatória de uma cultura em busca de igualdade. Creio que até você está interessado nessa exposição... (rsrs) Mas veja! Era pacífico que religião dava significado, mas houve todo um esforço pra que isso efetivamente fosse mostrado.

E a pergunta é: em meio a tantas “explicações” como abordar a questão do mistério de Deus e do próprio de Deus?

        Vamos responder a isso ou vamos viver em guetos de sobrevivência? Assumir a realidade e dar respostas X Sobrevivência em “guetos cristãos”
        Vamos dialogar ou negar o que está acontecendo? Diálogo X Negação
       
  • Num mundo marcado por perguntas, não admitem questão;
  • Temos agora os Apóstolos, Patricarcas, Bispos, Primazes, Papas e afins  que, blindados por esses nomes, não admitem ser questionados – tem “palavra de autoridade”
  • Apresentam um Deus longe, insondável, inteligível.

        Dos teólogos, são basicamente duas posturas observadas:

FUNDAMENTALISTA CRISTÃO
CRISTÃO LIBERAL
Inquestionável
Abre mão de valores/princípios da Bíblia
Não dialoga
Tem medo de ser considerado obscuro e retrógrado
Unívoco
Tenta colocar Deus em algum lugar (ainda tem qualquer coisa de fé).
             
              

        Interessante é observar que Cristo não tem medo de pergunta – ele nunca se esquivou de uma! Ele se sustenta em qualquer época porque tem todas as respostas. Nós não temos que ter medo das perguntas, nem de explicar. Basta que conheçamos as perguntas e as respostas bíblicas.

Tenho uma proposta de como lidar com tudo isso:
ü      Aprofundar-se nas Escrituras;
ü      Escutar;
ü      Ponderar pra entender: o que de Deus tem nisso ai? Isto é fazer uma releitura a realidade e tentar identificar o que de Deus tem nesta realidade:
o   Hoje temos uma comunicação fácil... Entenda o exemplo do Pentecostes (Deus nos capacita para nos comunicarmos com o outro que precisa receber a mensagem);
o       Mundo sem fronteiras anunciado hoje. Isto já se fez conhecer na tradição cristã sob o nome “Comunhão de todos os santos” (Credo Apostólico)
ü      Levante questões (isso inclui se questionar também);
ü      Responda.

Não temos que ficar com medo – Deus está conosco;
Não temos que fugir disso tudo – Deus está conosco;

Finalmente, não podemos tratar de tudo aqui, seria até bom, mas não temos o tempo necessário. O importante desse dialogo é que alguém pode se virar pra gente e dizer: “Não concordo com você, mas entendo (de verdade) suas razões” que é diferente de “Não concordo com você, porque você é obscuro e não tem argumentos relevantes.”

Caro irmão e irmã, o ser humano de toda geração estará sempre em busca de uma identidade, e todas elas (pode estar certo disso!) poderão e serão encontradas em Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus.

__________________
PS: Como diz um ditado popular: "Uma imagem vale mais que mil palavras" (veja)

27/08/2012

IGREJA E POLÍTICA - III


95 PASTORES BATISTAS CARIOCAS FAZEM VERGONHA À DENOMINAÇÃO
 
Antes de tudo, quero dizer quatro coisas:
1 – Não foi a totalidade dos pastores que participaram do “Manifesto dos Pastores Batistas Carioca” (clique nas imagens para amplia-las);
2 – Não está identificado (graças à Deus!) em nenhuma parte do documento a sigla CBC (Convenção Batista Carioca) ou CBB (Convenção Batista Brasileira), ou seja, não é um manifesto institucional da denominação Batista;
3 – Esses pastores, os signatários desse “manifesto” (os quais muitos eu conheço) tem total respeito da minha pessoa no tocante aos seus ministérios, contudo a ação realizada fere (e muito!) o que os irmãos, que se conhecem pelo nome de Batistas, vem defendendo ao longo de toda sua existência – a separação entre Igreja e Estado;
4 – Fiz o scanner do panfleto do “manifesto” editando os nomes dos pastores e do candidato em questão, pois aqui não quero expor a ninguém (pastores ou candidato), mas tão somente a minha opinião.

Qual foi meu espanto ao sair do culto de Domingo da minha igreja e receber à porta um “Manifesto dos Pastores Batistas Cariocas”!

Nas primeiras linhas pensei se tratar de algo lúcido e muito bem alinhado com a nossa história caracterizada “pela defesa dos princípios que fundamentam a sociedade ocidental (ampla liberdade de opinião e crença; nítida separação entre igreja e estado; dignidade plena de todos os seres humanos; completa lisura nos negócios e no trato das questões públicas e aplicação dos mais altos preceitos éticos em todas as instâncias e ações sociais).” As aspas são porque retirei do próprio tal manifesto.

Segue o documento dizendo que não concordamos com o quadro de desigualdade, com a qualidade da representação pública no município, com a situação da presença de grupos armados em determinada áreas da cidade que coíbem os mais elementares direitos da cidadania e que este não é o momento de nos ausentarmos, posto que temos a atenção do mundo sobre nossa cidade em detrimento dos próximos eventos que aqui se realizarão (Copa do Mundo e Olimpíadas).  Até aqui estava achando o documento legal, bacana mesmo até que me deparo com a seguinte frase:

“Lutaremos para a melhoria da qualidade da representação política de nossa Cidade, centrando nossos esforços em uma candidatura à Câmara dos Vereadores que reúna qualidades indispensáveis, como:” (segue uma lista de virtudes). Finalizam essa primeira parte do manifesto dizendo que esta é “a real vontade dos cristãos desta cidade, chamados batistas” e subscrevem (para minha total tristeza) vários e vários pastores que muitos eu conheço e sei do maravilhoso ministério que possuem (não há ironia nessa minha declaração). Editei esta lista de signatários, mas é esta página ao lado.  

E finaliza o documento dizendo que “entendemos que o nosso primeiro projeto, como um Movimento Evangélico de Apoio Político é levar para a Câmera dos Vereadores...” o candidato “Xxxxx Xx Xxxxx”.

Meus caros irmãos e irmãs, e em especial os que fazem parte dessa denominação me digam: O que é isso que se apresentou aos meus olhos??? Não pude crer que li uma coisa dessa vindo de um grupo Batista, muito menos cri como isso pôde ter vindo de um grupo de pastores batistas. Motivos:

1º - Isso caracteriza algo que por muitos e muitos anos, e ainda hoje macula e prejudica a democracia do nosso país que é o famigerado “voto de cabresto”. O voto de cabresto, para quem não sabe, é um sistema de controle de poder político através do abuso de autoridade onde o indivíduo que tem influência sobre um determinado grupo conduz a que essas pessoas votem no candidato que eles querem. O que é este “Manifesto dos Pastores Batistas Cariocas” senão uma tentativa (ou uma ação real) para a manutenção do voto de cabresto? Documento que diz que é esta a vontade dos mais de 200.000 membros da denominação no município do Rio de Janeiro. Isso pode tão somente ser expresso numa palavra: manipulação; ou ainda uma expressão: “voto de cabresto”.

2º - Pastores, meus irmãos e irmãs, são autoridades espirituais. Para àqueles que possam estar pensando “Coitado desse que escreve este post, pois está indo contra aos que os ungidos do Senhor fizeram” explico que estes homens, pastores, foram ungidos para guiar o rebanho do Senhor no tocante as coisas relativas ao Reino de Deus e não com relação a vida civil – eles não me representam e não nos representam, enquanto membros da igreja, na vida civil para fazer tal coisa.

A Bíblia nos ensina a sermos políticos. Sim, ela nos ensina sim! Desde os tempos profetas podemos verificar isso. Eles denunciavam: 1) a opressão, 2) a exploração, 3) a miséria de muitos em detrimento da riqueza de poucos e 4) também iam contra aos governantes que nada faziam em direção a resolução desses problemas, dentre outras tantas questões. A Bíblia nos ensina o quanto nós devemos ser conscientes enquanto cidadãos. Aos pastores, por sua vez, cabe ensinar aos membros que devemos ser políticos (afinal política é a arte de promover o bem-estar social e a missão do povo de Deus desde Abraão é ser bênção às nações, missão esta ratificada pelo evangelho de Jesus de Nazaré), mas aos pastores não convém que sejam partidaristas atuando em favor de um partido “A” ou “B”, ou atuar em favor de um candidato “A” ou “B”.

Mais uma vez ressalto meu respeito a esses homens de Deus, e também ressalto que não tenho nada contra (ou a favor) ao candidato apoiados por eles. É legítimo que eles queiram apoiar um determinado candidato de sua preferência, isso é democrático. Porém não lhes é lícito ou legítimo que falem em nome da denominação e dos seus membros, pois para eles não foi outorgado tal autoridade de falar em nosso lugar na vida civil, enquanto cidadãos.   

Quero crer que isso tudo tenha se tratado de um grande e infeliz equívoco que não retrate as posturas futuras de nossos pastores do município do Rio de Janeiro. E estes pastores que realizaram estes manifesto espero que caiam em si e honrem a história da nossa denominação não realizando essa prática em suas igrejas.

24/08/2012

23/08/2012

LOUVAI A DEUS AO SOM DA CUÍCA


Reflexão trazida por mim para a Juventude da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha em 09 de Outubro de 2010 na programação "Som na Garagem". 


Neste texto Jesus está dizendo aos seus discípulos  para eles seguirem em frente fazendo discípulos, batizando... Ou seja, darem continuação ao seu ministério.

A missão é alcançar pessoas que são integrantes de nações seus discípulos de Cristo. É buscar-las na condição que eles se encontram: de integrantes da nação a qual pertencem.

Abordagem “criatura” (baseada em Marcos 16:15-16) ignora a identidade. Ignora que em si mesmo ela é uma universo próprio. Já a abordagem “alguém de uma nação” (do texto de Mateus) além de ter um universo próprio, este alguém representa um universo particular – uma nação. Chamamos tudo que este homem ou mulher representa e significa: membro de uma nação. O motivo pelo qual estou chamando a atenção a este detalhe você descobrirá a medida que ler as próximas linhas...

O que é Nação? É um complexo cultural de um determinado grupo de pessoas (povo)? E o que é cultura? “Um jeito particular de ser gente” como bem disse Rubens Alves. Nessa linha podemos dizer, então, que a conversão dessa pessoa é conversão dela e de tudo que dá significado para ela, ou seja, todo o contexto de sua cultura, sua nação. 

Vou propor mais uma pergunta: Quando que sabemos que uma nação se converteu? Que marcas apresenta? Preste atenção, eu não me refiro a grupo de indivíduos, mas uma nação.

Sabemos quando um indivíduo se converteu certo? Tem Jesus como Salvador, o Espírito Santo está nele, o Espírito Santo passa a testificar com Espírito dele que é filho de Deus e, logo, ele assume os valores de Cristo. Mas, novamente, quando que sabemos que uma nação se converteu? A resposta é simples, quando a cultura dessa nação se converte.

Aqui, no Brasil, por exemplo, milhares e milhões se converteram, mas a nação não se converteu... porque? Cidades como o Rio de Janeiro em que já há praticamente uma maioria de evangélicos, principalmente se chegarmos nas comunidades mais pobres da cidade. Mas porque apesar disso o cenário social não muda, a violência não reduz, porque não vemos uma transformação  (conversão) desses lugares?

A resposta é simples: Não há expressão da nossa cultura nos nossos cultos. Há pouquíssimo tempo, basicamente pra entrar nos nossos cultos, principalmente se falarmos das igrejas protestantes históricas tradicionais, tínhamos que praticamente sair do Brasil. E isso ainda se vê muito por ai... Usamos terno e gravata apesar do calor de 40ºC; cantamos hinos bonitos, lindos, mas não são músicas nossas, com ritmos nossos, com melodias nossas; fora que, muitas vezes, nossos púlpitos empregavam português castiço, antigo, algo como: “Oh, Soberano Deus estamos aqui de alma genuflexas, gratos pelo vitupério de teu Filho que nos outorgou a redenção de nossas almas”. Na boa: “genuflexas” (?) “vitupério” (?) “outorgou” (?) são palavras longe de serem palavras usadas nas praças, nas ruas, nas relações do dia a dia. 

O momento que podemos dizer que a cultura está se convertendo é quando as expressões culturais, músicas, poesias, ritmo, maneira de falar que antes usadas para cantar as mazelas da vida, de uma vida vazia, começam a serem usadas para cantar as alegrias de uma vida com Cristo. Ai a gente sabe que uma nação se converteu, usamos a cultura para apresentar, adorar e anunciar Deus! A melhor coisa foi essa mensagem da graça recebida e não a forma, por isso podemos usar a nossa forma (e não uma forma importada dos países europeus e da América do Norte que nos trouxeram essa mensagem) para comunicar a mensagem. 

Vamos agora para o livro de Atos dos apóstolos 14:15 “E dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles; 16 O qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos. 17 E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações.” Neste texto está Barnabé e Paulo pregando numa cidade chamada Listra, e Paulo vê nos olhos de um paralítico surgir a fé para ele ser curado e o cura. O povo vê isso e acha que Barnabé e Paulo são deuses. Barnabé e Paulo corrigem os cidadãos de Listra e dão o testemunho de um Deus que já dava sinais pela sua benevolência com eles dando-lhes estações frutíferas (a alegria de suas vidas) para, com isso, dizer aqueles cidadãos algo como: "cidadãos de Listra, vocês não me conhecem, mas eu, Deus, conheço vocês por isso uso de benevolência para vocês também". E, pergunto, onde isto (essa alegria) aparece? Na cultura. Alegria que Deus dá mesmo sem ser conhecido por aqueles homens e mulheres de Listra. É claro que em toda cultura há o peso de Satanás que procura estragar a criação de Deus. Mas vamos a uma história contada a mim por um Pastor conhecido meu:

Um homem virou pra um Pastor e disse que não acreditava em Deus por causa do mal.
Ao que este pastor respondeu: “É? Pois eu acredito em Deus por causa do mal!”
O homem estranhou e perguntou: “Como assim, você acredita em Deus por causa do mal!?”
O Pastor: “Sim, acredito. Me diga: O mal tem limites? Limite moral? Limite ético? Limite da Lei? Limite da vontade das pessoas?” 
O homem: “Não...”
“Então porque o mal não tomou conta de tudo?” Perguntou o pastor.
“Não sei!” Respondeu o homem.
“Que bom, mas eu sei”, respondeu o pastor. “Quem faz isso é uma pessoa e a Bíblia fala que é Deus.”

Por muito tempo foi dito que a nossa cultura brasileira (uma mistura de europeus com forte influência africana e indígena), não serve, “nossa cultura é do demônio” - diziam. Mas se esqueceram de dizer que o demônio não cria nada! Deus é criador de todas as coisas. O Diabo no máximo pode querer torcê-las, mas Deus é o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Vamos pegar essa alegria que nasceu dessa fartura de músicas, de ritmos, de instrumentos e reconhecer que tudo que tínhamos era Deus mostrando como gostava de nós, mesmo sem nós O conhecermos! E agora, cientes disto (desse amor que Deus tinha por nós quando nós ainda estávamos longe dEle), vamos usar essas coisas todas pra dizer o quanto nós amamos a Deus e o quanto agradecidos somos a Ele!


O cenário do capítulo 05 é interessante e dramático: o anjo pergunta quem é digno de abrir “O Livro” em resposta tem um silêncio de todo o universo – ninguém se habilita e há choro por conta disso.  De repente o Cordeiro pega o livro. E ai, o que vai acontecer??? Será que vai rolar briga? (rsrs) Não, ao invés disto os anciãos (justiça) e seres viventes (honra), depois milhões de anjos reconhecem e começam a louvar “Ao que está assentado no Trono...” pessoas de todas as línguas e nações louvam juntas – todo o universo chega para adorar e Cristo Reina todas as nações que já se converteram em suas culturas. E ai se esse louvor vai se dar com órgãos de tubos, ou pianos, ou harpas, ou vilão, ou violas, ou cuícas, ou reco-recos, ou tambores, agogôres, triâlugos – isso não importa! Toda a Criação louvará dizendo “Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.” Amém e amém! Venha Senhor Jesus!

O post acaba praticamente aqui, mas se você deseja refletir de uma forma mais lúdica, mais agradável, achei esse vídeo de um grupo chamado “Servos, porém livres” (1987) que fizeram um disco de vinil (sim, na época era isso ainda, rsrs) em que uma das músicas se chamava “Salmo Brasileiro”. Confira que interessante é o questionamento deles expresso nessa música e fica meu convite para que nós nos juntemos a eles para louvar nosso Deus.

"SALMO BRASILEIRO"
Servos, porém livres

Na América do Norte os norte americanos
usam seu "negro spiritual" para louvar 
Em Angola , os nativos irmãos de lá 
usam seus atabaques para adorar
Por que será que aqui no Brasil 
Nós não podemos louvar com a nossa cultura ? 
Se Deus criou todas as coisas, 
criou a música e é para gente louvar !
Nas minhas veias corre o sangue brasileiro 
Sou muito mais a nossa pátria mãe gentil 
se eu nasci num país verde amarelo-azul-anil 
Quero louvar a Deus com o samba do Brasil 

Louvai a Deus ao som da cuíca 
Louvai-O com o reco-reco
Com tamborim , chique-chique e o cavaco 
Com a vossa ginga , vossa voz e vosso samba
Louvai a Deus ao som da cuíca 
Louvai-O com o reco-reco
Com agogô , com o surdo e o pandeiro 
Louvai a Deus com o samba brasileiro

21/08/2012

O CAMINHO

"Cristo é O Caminho aberto à verdade de Deus revelada à toda carne."


Pense nisso!

17/08/2012

PAI NOSSO

Leia uma das mais lindas orações já feitas e depois vamos pensar um pouquinho sobre ela:

Mateus 06:05 "E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. 06 Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará. 07 E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. 08 Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem. 09 Vocês, orem assim: ‘Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. 10 Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 11 Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. 12 Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”.

Esse com certeza, a semelhança do Salmo 23 (abordado no post “O SENHOR É MEU PASTOR E MEU HOSPEDEIRO”), é um dos textos mais conhecidos de toda a cristandade. Interessante ter em mente que no texto correlato dessa passagem no Evangelho de Lucas 11:1-4 narra-se que essa oração vem do desejo dos discípulos em quererem aprender a orar tal como Jesus orava.
Isto é curioso, pois naquela época quando um discípulo pedia ao seu mestre para que lhe ensinasse uma oração, esta continha toda a cosmovisão (visão de mundo) que o mestre tinha. Ou seja, a oração que o mestre ensinava carregava toda a sua concepção de idéias a cerca da sua fé, da verdade que ele passava. É importante que tenhamos essa informação em mente para fazer a leitura desse texto.
A outra característica notória da oração é a forte presença da tradição do Êxodo (ou exodiana) veja que a oração contém elementos da experiência do povo de Israel nos acontecimentos da sua libertação: santidade cultual ao nome de Deus revelado a Moisés; reinado de Deus pela aliança na terra entregue; vontade de Deus expressada pela Lei; o maná (pão) diário dado no deserto; a presença de provações/tentações. Um apontamento do comprometimento que Jesus tinha com essa tradição que pode ser usada como chave de interpretação para esta passagem.

“Não sejam hipócritas” (05-08) Jesus antes de ensinar propriamente uma oração ele ressalta o fato de como uma oração deve ser feita e, baseados no texto, podemos dizer que ele deve ser sobretudo algo que carrega sinceridade, que realmente venha da intimidade, do coração daquele que ora para o coração de Deus com total espontaneidade.

“Pai Nosso” (09) É maravilhoso nos apercebermos aqui da generosidade de Jesus. Sim, generosidade. Ele que foi o que primeiro chamou Deus, que ao longo da história recebeu os mais diversos nomes, de Abba (Pai) compartilha ou nos proporciona que tenhamos o mesmo grau de intimidade dele com Deus e também o chamarmos de “Pai”. Por isso é “Pai NOSSO” e não um “MEU Pai”. Por isso que o evangelista João (1:12) diz “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”. Jesus aqui nos dá o exemplo de generosidade.

“Santificado seja o teu nome” (09) O nome de Deus é santificado quando usado não como magia* ou para promover a opressão, mas para liberdade.

“venha o teu Reino” (10) Aqui é manifesta a vontade da construção do Reino, reino este o qual todo discípulo e discípula de Cristo é embaixador. Reino que já está entre nós e que se dará (se realizará) plenamente no porvir. Mas um Reino que se vive já através de seus seguidores que devem procurar fazer a vontade de Deus aqui “na terra como no céu”. Homens e mulheres que tem a fé que a vontade de Deus é “boa, perfeita e agradável” (Cartas aos Romanos 12:2) para as suas vidas.

“pão de cada dia” (11) Cristo aqui aborda a providência divina, que na comunidade dos seus seguidores se dá através do amor, da fraternidade através da partilha. Por isso que na igreja de Jerusalém descrita no Livro dos Atos dos Apóstolos “não havia pessoas necessitadas” (Atos dos Apóstolos 4:34).

Aqui gostaria de destacar esse pão que mais tarde aparece no ensino de Paulo sobre a Ceia (1ª Coríntios 11:28-30). Quando o apóstolo diz que “quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor.” (29) este corpo é a comunidade cristã, os membros que compõe a igreja de acordo com o ensinamento anterior do capítulo 10:17 “Pois nós, embora muitos, somos um sópão, um só corpo; porque todos participamos de um mesmo pão.” A Ceia do Senhor, realizada entre os irmãos de Corinto tinha se tornado um palco para ostentação, um foco de discriminação e contrastes gritantes em que os mais abastados se reuniam entre si para realizar verdadeiras comilanças a despeito de outros irmãos, mais pobres, que não tinham o que comer e passavam fome. A falta de amor, a falta de fraternidade, solidariedade entre os irmãos (o corpo, o pão) gera fraqueza, doença e morte (no caso de Corinto literalmente) na Igreja.

“Perdoa nossas dívidas” (12) Neste momento Jesus evoca a Lei do Ano do Jubileu descrita no Livro do Deuteronômio 15:1-11, tradição que tratamos mais detalhadamente no post “A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO E A MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA”. E temos nesse ponto uma exortação a prática do perdão mútuo.

“não nos deixeis cair em tentação” (13) Neste novo êxodo, a tentação é superada pela força do Espírito Santo, pela fraternidade e comunhão “suportando [dando suporte, consolo, apoio] uns aos outros” (carta aos Efésios 4:1-4). Aliado a este pedido segue outro bem semelhante: “livra-nos do mal” ou do maligno, como em outras traduções. Jesus, antes mesmo de dar início ao seu ministério venceu o mal (ou maligno) por ocasião da tentação sofrida no deserto (como relata Mateus 4:1-11). Ele venceu o mal que há no mundo (Evangelho de João16:33), é nele que encontramos força para vencer o mal.

_________
* magia - Quando pela manipulação de palavras e/ou coisas se alcança um favor de algo ou alguma coisa superior.

14/08/2012

IGREJA E POLÍTICA


Este post se originou na time line da minha página no Facebook. Como houve reações interessantes a minha opinião lançada no Face, resolvi coloca-la aqui Blog também. Originalmente o post foi este destacado em itálico:


"Na boa, de certa forma me irrito com propaganda que vejo de candidatos que são pastores. Como um pastor, principalmente aqueles que tem um ministério ativo numa igreja, que (ja digo "a priori") tem um chamado para cuidar de ovelhas pode conjecturar em lançar candidatura? Como que imerso nas demandas da vida política ele conseguirá dar conta do seu ministério!? 
Pra mim, esse tipo de coisa me indica no mínimo um desleixo com a vocação ou uma crise com a mesma. "Buscai primeiro Reino de Deus." -> isso em um ministério pastoral sério é pra ser levado muito a sério.
E outra, esse papo de "irmão vota em irmão" é extremamente alienante. Irmão consciente vota em candidato com propostas interessantes, relevantes e viáveis. Igreja é uma coisa e Estado é outra."

Uma das primeiras reações interessantes ao post foi de uma amiga que disse "esse "irmão vota em irmão" faz algum sentido quando significa o seu direito de votar em quem tem os mesmos valores e conceitos de sociedade que você e, portanto, defenderá os mesmos temas que você, que é um princípio desse modelo de democracia em que um grupo escolhe um indivíduo para representá-lo. Mas francamente, além da questão da vocação, sobre a qual concordo com você, nem acho que esses indivíduos tenham de fato os mesmos valores e conceito de sociedade que eu..." 

Bom, realmente minha amiga conseguiu dar algum sentido a essa fórmula (do "irmão vota em irmão"), embora creio que ela não tenha sido concebida com esse refinamento para sua postulação e também penso que não seja utilizada com essa conotação, mas na verdade com intuito de simplesmente angariar votos dos fiéis. Contudo, de certa forma ela a justificou.

Sobre os valores, há valores que são inerentes, próprios e advindos da religião (da fé, e ai entenda isso de maneira genérica não só a fé cristã, mas outras tantas crenças existentes) os quais se deve defender e praticar na comunidade de fé. Mas estes valores não podem nortear o direito civil, pois da sociedade civil emana necessidades que demandam normas que as atendam. Temas que por vezes, como cristão, me dói pensar que a sociedade chegou num ponto de afastamento Deus (e nisto já estou expressando o fato de ser cristão) que o Estado tem que normatizar temas que antes não havia necessidade de normatizar. Mas, a despeito de minhas crenças pessoais, o Estado deve ser e permanecer laico e com essa mentalidade deve ser constituído o direito à todos.


Como evangélico, devo lembrar de como éramos tratados de maneira hostil ainda no começo do século passado. Para se ter uma noção a possibilidade de construir templos ou capelas com "cara" de igreja é recente para os protestantes aqui no Brasil na Constituição Imperial de 1824 afirmou o artigo 5º: "A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo". Sofremos muita perseguição por ter uma constituição baseada numa determinada religião "X" não é porque hoje temos uma "bancada evangélica" nas câmaras de deputados federais que devemos oprimir determinado grupo "A" ou "B" baseado em nossos valores cristãos. Devemos, sim, brigar pela perenidade/permanência de  um Estado Laico que tanto nos fez falta quando nós, cristão evangélicos, éramos os perseguidos.


Neste final post serei até bem particular na minha fala, porque falarei com um cristão protestante batista. Sim, porque tenho certo orgulho numa particularidade que esta denominação teve na sua história de sempre defender (com raríssimas exceções) a separação entre Estado e Igreja. Por isso muitos de nós, quando ainda éramos  denominados anabatistas, à época da Reforma e Contra-Reforma (Inquisição) morremos pois não tínhamos apoio e proteção de príncipes, reis ou de governantes  pois se defendia que um devia seguir o seu caminho separado do outro.

Se o cristão deve fazer política? Sim, penso que sim! Política, como vemos no dicionário, é a arte de promover o bem-estar e, neste sentido o cristão e a Igreja tem que ser naturalmente políticos. Na sua relação com eleições o cristão, como um bom cidadão, deve ser bem cônscio na hora de votar. A minha questão específica aqui reside no fato de um pastor se lançar candidato, reflexão que se originou ao passar pela rua e ver um cartaz do candidato "Pastor Fulano de Tal" ao cargo de vereador. Penso que só se ele vier a pedir licença do ministério dá pra admitir uma coisa dessa (mas ainda não fico muito confortável com isso); Do contrário, repito o que disse no começo, ou há crise na vocação ou desleixo com a mesma uma vez que não há possibilidade de conciliar as demandas advindas da política com as demandas advinda da vida das ovelhas e da igreja como um todo.

Por fim, dou graças a Deus por viver num "Estado Democrático de Direito Laico" e poder compartilhar a minha opinião que pode muito bem divergir da sua e ambos devemos nos respeitar nas nossas particularidades e opiniões. E na minha defesa pela laicidade termino o post com Voltaire que disse certa ocasião "Posso concordar com nada com que dizes, mas lutarei até o fim pelo direito de dizê-lo".

O JÁ E O AINDA NÃO

Este link é de um texto de John Stott, lembro-me que retirei de algum site, mas não me recordo de onde, infelizmente. É um texto muito interessante em que ele expõe suas idéias a respeito do Reino de Deus que, para ele, é já e ainda não. Cheguei a muito resumidamente mensionar esse conceito em "SAL-VA-ÇÃO SALVAÇÃO, VAMOS PENSAR". Entenda porque em detalhes a proposta de Stott... 


A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO E A MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA



        Neste post vou fazê-lo em tópicos para construção do pensamento, não vou transcrever todos os textos, mas porei (como de costume) link para o texto bíblico numa Bílblia on-line.

        Vamos primeiramente ter algumas coisas em mente antes de começar a escrever efetivamente para a construção do nosso itinerário.

  • Quando Paulo fala de “escritura” em sua segunda carta à Timóteo (3:16) Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;” ele se referia ao Primeiro Testamento. (lembremos que o segundo testamento ainda estava sendo escrito, alguns evangelhos datam do final do primeiro século);
  • Este primeiro testamento era praticamente a única história escrita dos judeus;
  • Assim como Jesus expõe, por ocasião da sua caminhada com dois discípulos à Emaús, Paulo via a obra de Cristo como a culminação dessa “História da Pátria” que podemos dizer ser uma “História da Salvação” ou ainda “Plano de Deus para a Salvação”.

        Nosso foco, em semelhança ao post “SAL-VA-ÇÃO, SALVAÇÃO, VAMOS PENSAR”, é alargar, ter uma visão global/integral da mensagem bíblica como história da Salvação.

I – Bíblia de Gênesis a Apocalipses, uma história.

        Não sou muito afeito a realizar uma leitura sincrônica da Bíblia, mas uma coisa me chama a atenção. A Bíblia é um livro que começa e termina com quase as mesmas palavras (com o mesmo tema, com certeza) veja:
No princípio Deus criou os céus e a terra.” (Gênesis 01:01) e “Então vi um novo céu e uma nova terra” (Apocalipse 21:01). A mensagem bíblica se dá nessa marcha de uma criação para a outra onde se realiza o Plano da Salvação, vamos caminhar nessa marcha:
  • Na narrativa de gênesis, vemos a desobediência destruindo (Gênesis 03:06) a boa ordem da criação. E ai temos o primeiro fraticídio (04:08), a presença de bigamia (04:19), assassinato (04:23) e por ai a fora;
  • Quando chegamos no capítulo 12 há o início de uma nova história de graça e bênção (12:03) com a chamada de Abrão. É a graça de Deus lutando com o pecado para preservar o sentido original da criação (que só se realizará plenamente na nova criação)
- Um parênteses aqui, só pra pensar numa coisinha... Segunda carta de Paulo aos Coríntios (05:17) diz Portanto,se alguém está em Cristo, é nova criação.” Interessante isso! Podemos dizer que somos as primícias dessa nova criação, logo representantes dela – deste Reino de Deus. Legal, não?

II – Abraão, com ele inaugura uma nova História da Salvação

  • Irrompe bênção e graça;
  • É chamado para uma peregrinação de fé;
  • Fé esta que lhe imputa (atribui) justiça;
  • É identificado como amigo de Deus (II livro de Crônicas 20:07; Isaias 41:08);
  • Dele surge um novo povo próprio de Deus;
  • A promessa recebida por Abraão e renovada com seus descendentes aparece sempre com duas palavras: “bênção” e “nações”. A primeira reação de nós, cristãos, ao lermos essa passagem é pensar que esta bênção é Cristo (que irá nascer da descendência de Abraão), mas vamos com calma... No pensamento hebraico e no contexto os termos são literais e, em princípio, não devem ser (digamos) espiritualizados.
  • Bênção é o que chamamos de bem-estar, é a shalom dos judeus, é a vida (Deuteronômio 30:19-20) abundante em todas as dimensões e relações.
  • Nisto é interessante ver o comportamento diplomático de Abraão resolvendo os litígios de alguns grupos na terra. Gerando a paz e o bem-estar entre as partes. Mas sobre tudo há um momento em que esse chamado de ser bênção às nações se realiza plenamente: estamos falando de José.

III – José, a realização plena da promoção de bênção (bem-estar, paz) para às nações

  • Com José no segundo cargo de mais importância no governo do Egito (somente abaixo do Faraó) ele cria dispensas para alimentar pessoas durante uma crise de desabasticimento;
  • A maldição atuou contra ele (quando foi vendido como escravo pelos seus irmãos) porém Deus a transformou em bênção;
  • Deus o chama para a “diaconia política” (política, no dicionário é promover o bem-estar de todos);
  • Com José a promessa é cumprida literalmente e do povo de Deus a vida das nações é conservada;

    Uma primeira conclusão: Compreender o Evangelho (boa nova) segundo as Escrituras (no caso, 1º e 2º testamentos) é entedender como “bênção às nações”, ou simplesmente ser uma bênção à todas as pessoas.
1)    Bênção espiritual – Fé na morte de Cristo;
2)    Bênção pessoal – Conhecer pessoalmente a Cristo;
3)    Bênção física e material – conotação da palavra bênção no hebraico.
    Logo, evangelizar é chamar pessoas a Cristo para perdão dos seus pecados e se incorporarem ao projeto de serem bênção para as pessoas em seu redor (quer crente ou não).

    Falamos de Abraão, José agora daremos um outro salto e chegaremos ao Êxodo...

IV – Êxodo, a História continua.

- No livro de Levíticos 25:08-17 nos versos de 08-10 observamos uma espécie de Reforma Agrária;
- No Deuteronômio 15:01-11 se estipula que teriam que ser perdoadas todas as dívidas entres os israelitas de tempos em tempos (pré-determinado em Lei). Isto evitava a geração de pessoas oprimidas (devedores oprimidos por credores) na prática era algo que evitava a proliferação de pobreza no meio do povo de Deus. A lógica, falando de maneira bem simples, era "eu um dia fui escravo e de graça Deus ne libertou, assim também não escravizarei quem me deve";
- Ainda no Deuteronômio 15:12-18 versa sobre a emancipação de escravos;
  • O ciclo de comemorações do Êxodo está presente em toda a mensagem bíblica;

    Os profetas evocam a todo o momento essa tradição do Êxodo.

V – Profetas, portadores da tradição exodiana (ou tradição do Êxodo)

    Cabe ressaltar aqui o que é um profeta. Profeta é aquele que denuncia o pecado do povo ou das autoridades do povo, anunciando as consequências que isso acarretaria a Israel. Profeta não é um adivinho, o futuro que ele anuncia é consequência lógica do não cumprimento da Lei de Deus. A Lei de Deus, se fosse levada a sério, fortaleceria o povo, mas, sendo ignorada este comportamento geraria opressão entre o povo, logo ele ficaria enfraquecido. Vamos ver aqui uma pequena demonstração da denúncia que os profetas faziam em torno da não observação do Ano do Jubileu e do espírito (essência) do credo e da tradição exodiana:
  • Miquéias denuncia
- A opressão (02:08-09)
- Os opressores (07:03-04)

Agora cabe aqui um destaque todo especial:
Isaias
Jesus
Jesus toma para si esta tradição de justiça do Êxodo e dos profetas!


Conclusões finais:


        Essa tradição de promoção do bem-estar (da shalom - a paz que não é simplesmente a ausência de guerra, mas o bem-estar em todas as dimensões do ser humano) começa no Jardim do Éden, mas isto se perde com a desobediência. Para salvar o homem Deus inicia um projeto em Abraão, projeto que avança nas conseqüências do Êxodo, é sustentado pelos profetas, assumido por Cristo, e deve ser praticado pela Igreja e se realizará cabalmente (por completo) no fim de tudo onde “não haverá maldição nenhuma” (Apocalipse 22:03).