Começamos repetindo a frase de um famoso biblista brasileiro, Milton
Schwantes, que dizia: “Gênesis é livro de horizontes”. De fato, por se tratar
de um livro que aborda o tema das origens suas aplicações são profundas dado
que no início, quando criou tudo perfeito, “Deus viu tudo o que havia feito, e
tudo havia ficado muito bom.” (Gn 1,31). Algo interessante de se ter em mente
ao ler esse livro é que seu objetivo não é tanto o dar uma explicação
científica ou histórica sobre o passado, mas o de contar o passado para
explicar a realidade que se vive no presente. O autor procura nos colocar em contato com o Deus eterno e revelar o
significado sagrado do Seu Ser, Seu propósito e Seu relacionamento com as Suas
criaturas conforme opera Sua santa vontade. Temos, neste
primeiro livro da Bíblia, um apanhado de materiais diferentes que foram
alinhavados; ou ainda, o Livro de Gênesis é como um velho baú, onde a família
foi pouco a pouco guardando suas fotografias e objetos de estima. Fato é que a
maioria desses materiais é atribuído a Moisés (o mesmo acontece em todo o
Pentateuco), contudo, não se descarta a possibilidade de que numa edição tardia
ter ocorrido acréscimos do editor a fim de dar fluidez na junção dos textos.
IMPORTANTE! Nada disto desmerece a inerrância ou a inspiração do texto.
Lembre-se de que a Bíblia é Palavra de Deus, escrita por homens inspirados pelo
ES (II Pe 1,20-21).
Um “resumão” de Gênesis seria:
a) Tudo que Deus cria é bom (1 e 2);
b) Devido ao livre arbítrio, as relações se decompõem e a fraternidade é
rompida (4,1-16), o que abre caminho para a vingança sem fim (4,17-24), a
dominação (6,1-4), a desconfiança (12,10-20; cf. 20,1-8), a falta de
hospitalidade (19,1-29), a escravidão (37,12-36); enfim, o mal entra no mundo e
o afoga, salvando-se apenas uma família (cap. 4 à 11);
Há, porém, uma proposta de restauração através de um povo separado para
ser bênção para todos os povos da terra (12,1-3). Assim vemos que podemos
deixar de ser egoístas (13,1-18), aprendemos a perdoar (18,16-33; 33,1-11) e
viver novamente a fraternidade (45,1-15).
Quinta-feira continua...
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