Os dois primeiros capítulos de Gênesis são uma composição que procura
mostrar a importância que o ser humano tem no projeto de Deus. O homem e a
mulher são o ponto mais alto da criação (1,1-2,4a) e o seu centro (2,4b-25).
São seres pensantes, criativos e livres, dado que foram feitos à imagem e
semelhança de Deus, postos para administrar tudo que foi criado (1,26; 2,15).
Rompendo com Deus o ser humano rompe com a vida, mas, pela graça, obtém uma sobrevida após o pecado e o domínio do mal. Vê-se que deixando de se
submeter a Deus, o homem rompe a relação consigo mesmo, com a comunidade, com a
natureza e com o próprio Deus; assim se instaura o caos (dilúvio) e a sociedade
é levada a uma confusão. A despeito disto tudo, uma coisa permanece inalterada
– Deus ainda acredita em nós! Por isso, temos uma geração de justos a partir de
Set, a família de Noé salva e a vocação de Abraão. Podemos dizer que Deus
continua apostando em sua maior criação – a humanidade, Ele está constantemente
de mãos estendidas (Is 59,1-ARA) esperando que nos voltemos à para Ele
e, “por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus” (1Co 5,20).
Quero aprofundar mais essa questão do ser humano rompe a relação consigo
mesmo, com a comunidade, com a natureza e com o próprio Deus. Para isso
gostaria que você refletisse neste quadro abaixo...
RELAÇÃO
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NO
INÍCIO
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COM
PECADO
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JESUS
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CONSIGO
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Gn
2,25
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Gn
3,7
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Seguro de si - Mt 5, 21/Lc 4,32
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COM
O OUTRO
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Gn
2,23
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Gn
3,2
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Amor
- Mc 12,31
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COM
O MEIO
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Gn
2,16
|
Gn
3,18
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Domina
a Natureza - Mc 4,39
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COM
DEUS
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Gn
2,8
|
Gn
3,10
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Deus é Pai - Mt 6,9/Jo 1,12
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Mudando de assunto, dentre as promessas feitas a Abraão, quais delas
tocam mais você e quais delas você acha que tem a ver com você? Para mim, a
vocação de Abraão tem relação íntima conosco hoje! Desde seu chamado Deus
separa um povo para ser bênção para todos os povos da terra. Quando chegamos ao
capítulo 12 há o início de uma nova história de graça e bênção (12,03) com a chamada de
Abrão. É a graça de Deus lutando contra o pecado para preservar o sentido
original da criação (que só se realizará plenamente na nova criação). A
promessa recebida por Abraão e renovada aos seus descendentes aparece sempre
com duas palavras: “bênção” e “nações”. A primeira reação de nós, cristãos, ao
lermos essa passagem, é pensar que esta bênção é Cristo (que irá nascer da
descendência de Abraão), isto está correto, mas numa aplicação para o “chão da
vida” lembremos que no pensamento hebraico e no contexto os termos são literais
e, em princípio, não devem ser (a priori, digamos...) espiritualizados. Bênção
é o que chamamos de bem-estar, é a shalom dos judeus, é a vida (Dt 30:19-20) abundante em
todas as dimensões e relações. Quanto a isto, é interessante ver o
comportamento diplomático de Abraão resolvendo os litígios de alguns grupos na
terra, gerando a paz e o bem-estar entre as partes. Mas, sobretudo há um
momento em que esse chamado de ser bênção às nações se realiza plenamente:
estamos falando de José, que proporcionou suprimentos para que o mundo pudesse
passar por um terrível período de escassez de mantimentos. A comunidade dos
seguidores de Jesus é o Reino de Deus na terra, afinal o “Reino de Deus está
entre vós” (Lc 17,21 ACF). O Reino de Deus é já (para hoje, agora), é projeto
para transformar, restaurar, reconciliar vidas e realidades de homens e
mulheres em todas as dimensões de suas vidas. Há vida após a morte, em
Cristo, mas também há vida abundante/plena nesta vida, em Cristo.
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