Para os que estão estranhando o uso do slogan da Reforma Protestante para falar de um Concílio da Igreja Católica Apostólica Romana lembro que o Espírito sopra onde ele quer. "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabe de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" Evangelho segundo João 03:08.
Ainda pensando sobre oxigenação
da Igreja e quando penso na tradição Católica Romana lembro da figura do papa
João XXIII que deixou um legado a ICAR por ocasião do Concílio de Vaticano II
onde provocou discussões, que podemos dizer, de uma abertura ao diferente (no
diálogo com outras tradições cristãs) e o papel que a igreja deve ter na
discussão sobre a responsabilidade dos sistemas econômicos injustos na geração
e crescimento da pobreza.
Esse Concílio teve grande reflexos na produção teológica
Latino Americana. Após o concílio a igreja se desafiou ao exercício profético
da denúncia à ditadura econômica e ao imperialismo internacional do dinheiro e
resgate de valores tais como a justiça, a paz, educação, promoção do ser humano
e da família. Valores que resultaram na Teologia da Libertação. Somos
provocados a produção de uma teologia que traz consigo uma nova forma de viver
a fé e de sentir igreja inserida junto aos pobres e cônscia da realidade que a
cerca. Uma leitura da realidade à luz da
palavra indo, para a realização desta leitura, a fundo na realidade comunitária
gerando um real comprometimento da igreja com as dimensões sociais e políticas da
vida.
Da empolgação emerge a frustração ao se constatar que este
movimento fora tão duramente tratado pelo papado de João Paulo II e Bento XVI. Contudo, não devemos
nos desanimar. Resiliência! Apesar das críticas recebidas e o conseqüente
arrefecimento do movimento ele não acabou devido a essência da espiritualidade
cristã que é o amor. Pelo amor, os primeiros anos do movimento da Teologia da
Libertação foi uma nova maneira fazer teologia, acompanhado de uma nova maneira
de viver o Evangelho de Jesus – uma nova espiritualidade comprometida com a
vida e com a projeção social da fé mais efetiva do que contemplativa. Disto,
são elencados elementos compõe essa nova espiritualidade:
Sua atitude solidária;
Sua abertura ecumênica;
Sua paixão utópica;
Seu compromisso político;
Sua responsabilidade ecológica;
Sua paixão pela vida;
Ser ardor pastoral;
Seu trabalho a favor da paz
com justiça social
Demos destaque a estes elementos em pontos, pois é
inegável que todos eles podem ser utilizados para vivência de uma vida cristã
relevante. Que verdadeiramente ama, e porque ama serve ao próximo. Que exerce a
caridade a partir das necessidades concretas do outros, para isso mergulha na
realidade do mesmo de maneira honesta. Que capta e aceita a realidade como ela
é, não querendo mudá-la a fim de atender a gostos e interesses próprios, mas
servindo com desinteresse.
Está o desafio diante de nós de reconhecer as pegadas de
Jesus na história concreta de sua época e traduzir esse modelo para nossa
realidade, procurando fazer o que Ele faria dentro da conjuntura que vivemos
dando assim continuidade a sua obra – anunciar o Reino de Deus, servir aos
necessitados, imergir na realidade do povo e ser fiel a vontade Deus a despeito
de todos os riscos advindos disto. Estamos falando de um verdadeiro encontro
com o Senhor que nos transforma e nos faz pessoas novas e não de simples
filiação a uma igreja. É mudança de convicção (teoria) e atitude (prática).
Deixar se reinventar pelo Espírito, rompendo com os velhos padrões já
instalados no seio da igreja entregando-se a uma conversão integral. Daí
praticar um cristianismo que não tem amor pelo poder, mas que exerce o poder do
amor.
Outro texto interessante deste blog que de certa forma tem a ver com este assunto: AOS QUE FALAM ANTES DE OUVIR NA TEOLOGIA

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