“Respondeu
Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não
ser por mim".” Evangelho de João 14:6
De acordo com o Livro de
Atos dos Apóstolos, o seguimento de Jesus de Nazaré foi conhecido como o
seguimento do “Caminho” (At 9,2; 19,9.23; 22,4; 24,14.22), foi desta maneira que
o grupo de discípulos se auto nominavam. Poderia ser os “da Verdade”, ou “da
Vida” tal como as identificações que Jesus faz de si, mas a opção foi pela
adoção da primeira identificação e assim ficaram conhecidos “os do Caminho”
causando “grande alvoroço” (At 19,23 ARA) e transformações na sociedade. Esta
adoção se dá pelo fato de está mais próxima da maneira como Jesus desenvolveu o
seu ministério, ele foi pelas ruas, pelas praças, “pelas cidades e povoados
proclamando as boas novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele” (Lucas
8,1).
O seguimento de Jesus é uma
categoria que pode ajudar cristãos homens e mulheres e igrejas a superar certa
vivência eclesial e um espiritualismo marcado por intenso individualismo e
crescente mercantilismo. O ministério de Jesus foi caracterizado por um “estar
com o povo”. Estar com pessoas significa oferecer algo de si, mas também trazer
consigo algo do outro e Jesus, quando escolhe livremente habitar em meio a
realidade humana, decide também experimentar plenamente essa realidade não
fugindo das realidades mais duras e tristes do seu tempo.
Assim, em seu exemplo, Jesus
propõe aos seus discípulos e discípulas uma “maneira de ser no mundo” que tem
por característica traços de relacionamento, de troca mútua, de mútuo
enriquecimento que nasce do convívio sincero e fraterno. Essa proposta foi bem
assimilada pelos apóstolos que também saíram ao encontro “das gentes” com autoridade
e poder para pregar o Reino de Deus e manifestá-lo na vida das pessoas (Lucas
9,1-2).
Somos chamados para ir fazer
discípulos. Para ir ao encontro do outro. Logo, a nossa espiritualidade deve extrapolar
o paradigma Culto-Templo-Clero-Domingo, dado que Culto não é só o que fazemos
aos Domingos e Quartas-feiras, mas é a nossa vida; Templo não são mais pedras e
tijolos que constituem um edifício, mas o nosso corpo (1 Co 6,19); Clero não é
mais um grupo especial, mas somos uma “nação de sacerdotes” (1 Pe 2,9); e
Domingo, do latim dies Dominicus (dia
do Senhor), não é o único dia em que se deve viver o cristianismo, mas é tão
somente o dia em que celebramos, juntamente com todos os irmãos de nossa Comunidade
de Fé, ao nosso Deus, pois dia do Senhor é todo o dia.
Nossa espiritualidade deve
ser assinalada pela vivência de uma vida inteira conduzida pela presença
renovadora do Espírito e não por um espiritualismo reduzido as dimensões
intimistas de um indivíduo em fuga da vida concreta e do encontro com o outro. Assim,
o seguimento de Jesus é uma experiência do caminho e no caminho, dado que se
faz de gente dentro de suas interações e realidades concretas que vão sendo
chamadas por Jesus e têm seu aprendizado retirado de um caminhar a vida com
Jesus – o Caminho.
Abração!
Pr. Pedro Barbuto
Pastoral para o Boletim da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha em 08/Fevereiro/2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário