16/02/2015

O SEGUIMENTO DO CAMINHO

“Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim".” Evangelho de João 14:6
De acordo com o Livro de Atos dos Apóstolos, o seguimento de Jesus de Nazaré foi conhecido como o seguimento do “Caminho” (At 9,2; 19,9.23; 22,4; 24,14.22), foi desta maneira que o grupo de discípulos se auto nominavam. Poderia ser os “da Verdade”, ou “da Vida” tal como as identificações que Jesus faz de si, mas a opção foi pela adoção da primeira identificação e assim ficaram conhecidos “os do Caminho” causando “grande alvoroço” (At 19,23 ARA) e transformações na sociedade. Esta adoção se dá pelo fato de está mais próxima da maneira como Jesus desenvolveu o seu ministério, ele foi pelas ruas, pelas praças, “pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele” (Lucas 8,1).
O seguimento de Jesus é uma categoria que pode ajudar cristãos homens e mulheres e igrejas a superar certa vivência eclesial e um espiritualismo marcado por intenso individualismo e crescente mercantilismo. O ministério de Jesus foi caracterizado por um “estar com o povo”. Estar com pessoas significa oferecer algo de si, mas também trazer consigo algo do outro e Jesus, quando escolhe livremente habitar em meio a realidade humana, decide também experimentar plenamente essa realidade não fugindo das realidades mais duras e tristes do seu tempo.

Assim, em seu exemplo, Jesus propõe aos seus discípulos e discípulas uma “maneira de ser no mundo” que tem por característica traços de relacionamento, de troca mútua, de mútuo enriquecimento que nasce do convívio sincero e fraterno. Essa proposta foi bem assimilada pelos apóstolos que também saíram ao encontro “das gentes” com autoridade e poder para pregar o Reino de Deus e manifestá-lo na vida das pessoas (Lucas 9,1-2).
Somos chamados para ir fazer discípulos. Para ir ao encontro do outro. Logo, a nossa espiritualidade deve extrapolar o paradigma Culto-Templo-Clero-Domingo, dado que Culto não é só o que fazemos aos Domingos e Quartas-feiras, mas é a nossa vida; Templo não são mais pedras e tijolos que constituem um edifício, mas o nosso corpo (1 Co 6,19); Clero não é mais um grupo especial, mas somos uma “nação de sacerdotes” (1 Pe 2,9); e Domingo, do latim dies Dominicus (dia do Senhor), não é o único dia em que se deve viver o cristianismo, mas é tão somente o dia em que celebramos, juntamente com todos os irmãos de nossa Comunidade de Fé, ao nosso Deus, pois dia do Senhor é todo o dia.
Nossa espiritualidade deve ser assinalada pela vivência de uma vida inteira conduzida pela presença renovadora do Espírito e não por um espiritualismo reduzido as dimensões intimistas de um indivíduo em fuga da vida concreta e do encontro com o outro. Assim, o seguimento de Jesus é uma experiência do caminho e no caminho, dado que se faz de gente dentro de suas interações e realidades concretas que vão sendo chamadas por Jesus e têm seu aprendizado retirado de um caminhar a vida com Jesus – o Caminho.

Abração!
Pr. Pedro Barbuto
Pastoral para o Boletim da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha em 08/Fevereiro/2015.


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