Salmo 81Cantem de alegria a Deus, nossa força; aclamem o Deus de Jacó! Comecem o louvor, façam ressoar o tamborim, toquem a lira e a harpa melodiosa.Toquem a trombeta na lua nova e no dia de lua cheia, dia da nossa festa; porque este é um decreto para Israel, uma ordenança do Deus de Jacó, que ele estabeleceu como estatuto para José, quando atacou o Egito. Ali ouvimos uma língua que não conhecíamos.Ele diz: "Tirei o peso dos seus ombros; suas mãos ficaram livres dos cestos de cargas. Na sua aflição vocês clamaram e eu os livrei, do esconderijo dos trovões lhes respondi; eu os pus à prova nas águas de Meribá. (Pausa)"Ouça, meu povo, as minhas advertências; se tão-somente você me escutasse, ó Israel! Não tenha deus estrangeiro no seu meio; não se incline perante nenhum deus estranho. Eu sou o Senhor, o seu Deus, que o tirei da terra do Egito. Abra a sua boca, e eu o alimentarei."Mas o meu povo não quis ouvir-me; Israel não quis obedecer-me.” Por isso os entreguei ao seu coração obstinado, para seguirem os seus próprios planos."Se o meu povo apenas me ouvisse, se Israel seguisse os meus caminhos, com rapidez eu subjugaria os seus inimigos e voltaria a minha mão contra os seus adversários! Os que odeiam o Senhor se renderiam diante dele, e receberiam um castigo perpétuo. Mas eu sustentaria Israel com o melhor trigo, e com o mel da rocha eu o satisfaria".Comunidade de Fé, Comunidade de MemóriaVamos pensar na Comunidade de Fé através deste Salmo 81. Muito provavelmente a festa que o salmista se refere no Salmo é a “Festa das Cabanas” (ou dos Tabernáculos/ das Tendas) que relembrava o cuidado de Deus pelo seu povo durante a peregrinação no deserto (Levítico 23,43). Servia de festa de ação de graças pela colheita (Levítico 23,39-40; Deuteronômio 16, 13-15) e marcava a conclusão do calendário anual de festas religiosas que começava com a Comemoração da Páscoa e os Pães sem fermento 6 meses antes (Êxodo 23,14-17; Levítico 23; Deuteronômio 16,16). O primeiro dia deste mês, que começa com a Lua Nova, era comemorado com trombetas e, posteriormente, veio a ser conhecida como o Ano Novo, visto que este mês marcava o fim da colheita e o início da estação de chuvas quando um novo ciclo de plantio se iniciava.Esta festa tinha grande importância: “que os descendentes de vocês saibam que eu [Deus] fiz os israelitas morarem em tendas quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês” (Levítico 23,43). Nela, de 7 em 7 anos a Lei era lida diante de toda a nação para o povo “aprender a temer o Senhor, o seu Deus, enquanto vocês viverem na terra da qual tomarão posse quando atravessarem o Jordão” (Deuteronômio 31,9-13) e isto é percebido nos versos 8-10. Devemos salientar que o povo não cumpriu de maneira correta estas orientações. Como relata o Livro de Neemias, o povo comemorou esta festa de maneira correta somente nos tempos de Josué, filho de Num, que substituiu Moisés na liderança do povo; é somente após o retorno do exílio (estamos falando de mais ou menos 960 anos) que o povo, após estudo apurado da Palavra de Deus (Neemias 8,2-3.8-9.13-14.17-18), volta a celebrar esta festa de maneira correta: “Todos os que tinham voltado do exílio construíram tendas e moraram nelas. Desde os dias de Josué, filho de Num, até aquele dia, os israelitas não tinham celebrado a festa dessa maneira. E a alegria deles foi muito grande.” (Neemias 8,17).A comunidade de Jesus de Nazaré também é uma comunidade de Memória. “Façam isto em memória de mim” (Lucas 22,19c), disse nosso Mestre por ocasião da instituição da Ceia. Uma das principais imagens do Novo Testamento que ilustra a vida nova que o Reino de Deus anuncia é a mesa para qual o Senhor Jesus convida todos os seus discípulos. A vida comunitária cristã encontra na mesa da refeição seus momentos mais expressivos. Um convite para se sentar à mesa de alguém é um convite à intimidade com o anfitrião e demais convidados à mesa. Intimidade com Jesus e uns com os outros. Por isso não podemos reduzir a vida cristã a um conjunto de práticas devocionais, preceitos morais ou regras doutrinárias. Mas, além disto, a vida cristã também é, nos relacionamentos que temos com nossos irmãos que se sentam conosco à mesa, aquilo que nos move quando o fracasso nos paralisa pelo encorajamento mútuo Hebreus 3,12-14; fôlego que anima a existência pelo repeito mútuo (Hebreus 10,24; Filipenses 2,3) que nos tira de uma condição autocentrada, para valorizar o nosso irmão.
Não sejamos negligentes em cumprir esta ordem de Jesus tal como o povo de Israel foi em relação a comemoração da “Festa dos Tabernáculos” a ponto de ficar fechado às Suas bênçãos (versos 10-16). Somos convidados constantemente a lembrar da mesa do Senhor e nos assentar nela com nossos irmãos a fim de saborearmos a graça, o amor, a compaixão, a misericórdia, a solidariedade, a igualdade, a fraternidade, a dignidade... que Jesus nos concede fazendo de todos nós irmãos.Mantenhamos firme esta memória. O preço foi alto, o preço foi de sangue e este é o projeto de Deus para homem.
24/02/2015
COMUNIDADE DE FÉ, COMUNIDADE DE MEMÓRIA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário