17/07/2012

É MAIS OU MENOS ASSIM

        De fato não foi uma surpresa ver isso, mas não deixou de me impactar. Sabemos que a pós-modernidade se apoia em 3 pilares: Relativismo, Pluralidade e Privatização. 
        Relativismo não tem nada haver com a Teoria da Relatividade de Albert Einstein mas, como o nome já diz, relativiza tudo seja conceitos, valores, moral, etc... Funciona assim: tudo depende da conveniência do momento se aquilo pode me beneficiar mudo a opinião sobre algo que até então era uma "cláusula pétrea" do meu caráter para atender a minha vontade
        Pluralidade é vista até em supermercados! É a gama enorme de opções que se tem a disposição. Lembro-me que lá pela década de 80´s se você fosse comprar uma caneta barata optava basicamente por duas marcas a "BIC" e a "Kilometrica Roller" (hehe). Se for agora comprar uma caneta terá inúmeras opções a sua disposição. No campo religioso isso se caracteriza pela máxima "não existe só uma caminho a seguir e no final a gente vai se encontrar" (tinha uma banda aqui no Brasil que cantava uma música que tinha essa letra, mas agora não me lembro qual...)
        Privatização, não tem nada haver com o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr. "Privataria Tucana*" (rsrs) que conta das privatizações corruptas que houve no governo de FHC. Não, não tem nada haver com privatização de empresas estatais. Mas privatização é, na pós-modernidade, aquele sentimento que leva o indivíduo a reclusão e ao ostracismo; ele volta-se para si mesmo de maneira egoísta e fechado não de abre a ninguém e não pratica qualquer ação de abertura ao próximo.
        O que não me causou espanto, mas me causou tristeza foi um post que vi hoje ao abrir minha página no Facebook. Veja que a pessoa posta uma foto com os dizeres "Primeiro a Palavra de Deus, depois a sua opinião", mas ao postar coloca o comentário "É mais ou menos assim... Bom dia!" Perceberam o que a foto diz é certo e objetivo não tem uma possibilidade de ideia dúbia é um posicionamento firme, contudo ao postar essa foto a pessoa relativiza dizendo que essa coisa de primeiro vir o que a Palavra de Deus quer e depois a opinião dos outros é relativa - é mais ou menos assim. O que pensar? Parece que a pessoa por vezes considera o que diz a Palavra mas, por vezes dá atenção a opinião dos outros - é mais ou menos assim...
        Não me segurei, e fiz o comentário: "mais ou menos assim?" Isso que chamo de pós-modernidade na Igreja. Relativismo?", ao que a pessoa me respondeu "Isso foi apenas um modo de dizer, mas como sou crescida no evangelho sempre soube e nunca deixei de acreditar que sou muito e extremamente dependente de Deus pra tudo... então a Palavra sempre foi minha aliada em tudo o que fiz." 
    Bom, não entrei em grandes debates teológicos (rsrs) simplesmente respondi "ok, é que o sentido acabou que ficou meio dúbio". Não quero aqui colocar ninguém na “berlinda” (longe disso, por favor!), mas fica para nossa reflexão: Será que não estamos nas nossas atitudes, em nossos pensamentos e como Igreja relativizando a autoridade da Palavra de Deus em nossas vidas bem com outras verdades espirituais? As vezes absorvemos esses conceitos de maneira inconsciente (como esta pessoa que tenho certeza que não quis trazer essa ideia ambígua na sua escrita). E dizemos e fazemos coisas que nem nos damos conta do que estamos dizendo ou fazendo.
        Se liga! Não sejamos relativistas quanto a essas coisas, mas pelo contrário, sejamos sempre “firmes e constantes”.
* O livro mais polêmico do ano [de 2011]. Ele nos traz, de maneira chocante e até decepcionante, a dura realidade dos bastidores da política e do empresariado brasileiro, em conluio para roubar dinheiro público. Faz uma denúncia vigorosa do que foi a chamada Era das Privatizações, instaurada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e por alguns de seus ministros e altos funcionários. Nomes imprevistos, até agora blindados pela aura da honestidade, surgirão manchados pela imprevista descoberta de seus malfeitos (Descrição do livro na Livraria Virtual da FNAC). 

12/07/2012

POMPA E CIRCUNSTÂNCIA - PARTE 2


            Na primeira parte vimos a necessidade de superar a religiosidade e pela simplicidade da Palavra de Deus, pela simplicidade do Evangelho conhecer “a boa, perfeita e agradável vontade de Deus” para nossas vidas.
            Então a primeira pergunta que temos para o momento é...
I)                    ONDE BROTA A SIMPLICIDADE?
            Quando observamos as virtudes cristãs, dentre elas a simplicidade, na vida de homens e mulheres que experimentaram a Deus, contadas pela Bíblia e pela história, nos perguntamos como nasce esta espiritualidade nas pessoas?
            A resposta está no Evangelho de Lucas 6:45A pessoa boa tira o bem do depósito de coisas boas que tem no seu coração. E a pessoa má tira o mal do seu depósito de coisas más. Pois a boca fala do que o coração está cheio.
            A simplicidade, assim como as demais virtudes nascem em nosso interior, dentro do nosso coração, para depois se tornarem ações, atitudes e comportamento. A direção para a qual corre este rio é sempre de dentro para fora.
            Aquilo que temos dentro de nós, na nascente do nosso coração, virá à tona mais cedo ou mais tarde e revelará quem somos de verdade. O no cap 12 versículo 34 deste mesmo evangelista diz que “Pois onde estiveremas suas riquezas, aí estará o coração de vocês.
            Essa é a “dinâmica da coisa” é algo que brota no interior e se manifesta no exterior.
            Se a primeira pergunta foi ‘onde’ a segunda é...
II)                  COMO BROTA A SIMPLICIDADE?
            A pergunta aqui é para esclarecer como isso funciona? É dom de Deus ou é uma disciplina, uma busca, que requer dedicação, esforço consciente, escolha e ação: um exercício que pela prática nos faz sermos simples?
            Pra entender melhor a questão levantada, vamos mudar as perguntas: O que devo fazer? Tomar uma decisão, revisar meu estilo de vida e me disciplinar? Ou devo somente orar e esperar a ação de Deus em minha vida?
            Será que agora eu vou entrar numa contradição já que disse que brota no coração? É algo de dentro pra fora, mas estou “levantando a bola” de ser possivelmente oriundo de uma disciplina, de um esforço... Será que há contradição nisto?
            Para responder essa pergunta eu gostaria de observar com você 2 versículos da Palavra de Deus um é Tiago 1:16-17Não se enganem, meus queridos irmãos. 17 Tudo de bom que recebemos e tudo o que é perfeito vêm do céu, vêm de Deus, o Criador das luzes do céu. Ele não muda, nem varia de posição, o que causaria a escuridão.” (opa! Beleza, então vem de Deus) MAS 1ª Co 14: 01 Portanto, esforcem-se para ter amor. Procurem também ter dons espirituais, especialmente o de anunciar a mensagem de Deus.” (opa! Não, nós temos que nos esforçar para conseguir) Ops! Ih, deu nó!
            Quem desata esse nó é um teólogo estadunidense, Richard Foster, ele diz: “Aquilo que fazemos não produz em nós simplicidade, mas nos posiciona no lugar em que podemos recebe-la: diante de Deus, de modo que ele possa operar em nós a graça da simplicidade.” Ou seja: quando decidimos buscar a simplicidade e nos dedicamos em permanecer nesta direção, nos colocamos no ambiente em que a ação de Deus acontece.
            É interessante pensarmos na passagem de cego do tanque de Betesda. Porque vemos naquele homem o desejo pela ação de Deus, a busca e também vemos a ação miraculosa vinda de Deus. Estar perto do “tanque” é crer que Deus visita os homens e mulheres e lhes presenteia com sua Graça. Não há garantias de sucesso, apenas busca e desejo da ação de Deus; Mais foi lá que foi manifestada a graça de Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.

ASSIM COMO:
NÃO GARANTE
MAS
Dedicar tempo para oração
Que alcance intimidade com Deus
Que aprenda a discernir a Sua voz
Este é o ambiente onde Deus se manifesta e aprendemos a ouvir a Sua voz e desfrutar da Sua companhia.
Ler a Bíblia todos os dias
Que alcance sabedoria de Deus
Mas não existe sabedoria que não esteja submissa a Deus e Sua Palavra.
Freqüentar uma igreja
Que encontre comunhão cristã
O ambiente comunitário, a relação com outros discípulos é o ambiente de exercício do amor cristão.
Dividir com generosidade, desapego aos bens, optar pela vida
Que eu me torne uma pessoa simples
Mas é o caminho percorrido por quem encontra a simplicidade.

            Enquanto esperamos a visitação do Espírito que opera em nós a verdadeira simplicidade e a virtude cristã, devemos visitar o ambiente da ação de Deus, as disciplinas espirituais, elas representam o anseio e a esperança de quem deseja mais de Deus e espera mais da vida.
            Então até aqui descobrimos o ‘onde’, descobrimos o ‘como’ mas também vamos perguntar...
III)                PARA QUÊ SER SIMPLES?
            Tem um texto do Evangelho de Mateus que é no mínimo desconcertante ao homem moderno é Mateus 6:25-33 Por isso eu digo a vocês: não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir. Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas? 26 Vejam os passarinhos que voam pelo céu: eles não semeiam, não colhem, nem guardam comida em depósitos. No entanto, o Pai de vocês, que está no céu, dá de comer a eles. Será que vocês não valem muito mais do que os passarinhos? 27 E nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso. 28 - E por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem as flores do campo: elas não trabalham, nem fazem roupas para si mesmas. 29 Mas eu afirmo a vocês que nem mesmo Salomão, sendo tão rico, usava roupas tão bonitas como essas flores. 30 É Deus quem veste a erva do campo, que hoje dá flor e amanhã desaparece, queimada no forno. Então é claro que ele vestirá também vocês, que têm uma fé tão pequena! 31 Portanto, não fiquem preocupados, perguntando: "Onde é que vamos arranjar comida?" ou "Onde é que vamos arranjar bebida?" ou "Onde é que vamos arranjar roupas?" 32 Pois os pagãos é que estão sempre procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. 33 Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas.” Vamos lá, dentro do contexto da nossa sociedade dá rolar isso? E ai, meninas dá para relaxar como no versículo 28?
            O convite de Jesus aqui é um convite à simplicidade como um chamado a liberdade. A liberdade de uma realidade que nos aprisiona sem que percebamos. Olha bem a realidade que nos aprisiona:
1 - O excesso de responsabilidades e o ambiente de competição desenfreada em que vivemos – Um querendo o lugar do outro e “salve-se quem puder”, “cada um por si”;
2 - A ansiedade e estresse para cumprir todas as necessidades e desejos por mais fúteis que sejam – “compramos o que não precisamos com o dinheiro que não temos para impressionar quem não conhecemos”
3 - O viver sempre sob a tirania do urgente. “Vivemos apagando incêndios e não temos tempo para construir coisas importantes”, “Tudo é pra ontem”;
4 - A corrida para conquistar e acumular cada vez mais e o consumismo desenfreado.  E outras loucuras da vida da pós-modernidade...

Finalmente... A simplicidade bíblica é um chamado a libertação - Libertação da ansiedade, da preocupação excessiva, da tirania do consumismo, da ditadura da reputação, da riqueza e do poder;
De fato se nos colocarmos diante de Deus, no local da visitação de Deus receberemos dEle, pela graça um coração segundo o Seu querer – um coração simples;
Com este coração, transformado por Deus, desenvolveremos o Espírito de Cristo, de humildade, simplicidade e amor;
Se nos deixarmos perpassar por este Evangelho Cristo; o Filho unigênito de Deus, Jesus nos libertará e verdadeiramente seremos livres (Jo 8:36) para desfrutar livremente da presença de Deus. Amém!

11/07/2012

DE OUTRO BLOG: Entrevista – Alessandro Rocha

Achei muito interessante a entrevista com um dos meus professores do seminário, o Doutor Alessandro Rocha, no Blog "Literatura Teológica". Compartilho com vocês...
A transcrição da entrevista tornou o post um pouco longo, mas é bem interessante para conhecer um pouco mais do pensamento desse "teólogo tupiniquim" como Alessandro Rocha é apresentado na entrevista.  


DE 1655, UM SERMÃO PARA HOJE


Este sermão intitulado "O Sermão do Bom Ladrão", foi escrito em 1655, pelo Padre Antônio Vieira. Ele proferiu este sermão na Igreja da Misericórdia de Lisboa (Conceição Velha), perante D. João IV e sua corte. Lá também estavam os maiores dignitários do reino, juízes, ministros e conselheiros. O que acho interessante é como ele é tão atual para realidade política brasileira, embora tenha sido proferido no século XVI.


            O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões de maior calibre e de mais alta esfera; os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue muito bem São Basílio Magno. Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das províncias, ou administração das cidades, os quais já com mancha, já com forças roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo: os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. (...)
             Conjugam por todos os modos o verbo rapio, (...) Furtam pelo modo optativo, porque desejam quanto lhes parece bem; e gabando as coisas desejadas aos donos delas por cortesia, sem vontade as fazem suas. Furtam pelo modo conjuntivo, porque ajuntam o seu pouco cabedal com o daqueles que manejam muito; e basta só que ajuntem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros na ganância. Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões. Furtam pelo modo infinito, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que se vão continuando os furtos. Estes mesmos modos conjugam por todas as pessoas; porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados e as terceiras quantas para isso têm indústria e consciência. Furtam juntamente por todos os tempos, porque o presente (que é o seu tempo) colhem quanto dá de si o triênio; e para incluírem no presente o pretérito e o futuro, de pretérito desenterram crimes, de que vendem perdões e dívidas esquecidas, de que as pagam inteiramente; e do futuro empenham as rendas, e antecipam os contratos, com que tudo o caído e não caído lhes vem a cair nas mãos. Finalmente nos mesmos tempos não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, plusquam perfeitos*, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse. Em suma, o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar, para furtar. E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles, como se tiveram feito grandes serviços, tornam carregados e ricos: e elas ficam roubadas e consumidas... Assim se tiram da Índia quinhentos mil cruzados, da Angola, duzentos, do Brasil, trezentos, e até do pobre Maranhão, mais do que vale todo ele.

*nome de um tempo dos verbos que exprime coisa feita antes de outra também já feita.

04/07/2012

ASNEIRAS "GOSPEL"

Essas são umas pequenas amostras do que rola pela atual “teologia” que roda o meio cristão. Por vezes, sinto até vergonha de me identificar como evangélico, pois no senso comum isso é o que as pessoas estão pensando que é ser evangélico.


Você pode até "chorar de rir", mas quando ver que é verdade... vai chorar de lamentar!
A ASNEIRA (MUSICAL OU DECLARADA)
UMA PEQUENA OBSERVAÇÃO, RESPOSTA SINGELA...
♪ Restitui, eu quero de volta o que é meu ♫
Ok, então toma de volta a condenação e o inferno!
♫ Quem quer a glória, traz a arca... Quem quer o fogo, traz sacrifício ♪
Está se saindo pior que Tiago, seu judaizante!
♪ Proste-se no chão, estenda a tua mão e toque no altar ♪
Onde estar o altar? Que altar é esse!?
♫ Minha casa se encherá com toda a sorte de coisas ♫
Que cristão consumista!
♪ Tudo que posso é recostar-me no teu peito, cheirar o teus cabelos, me embriagar no Teu amor ♫
Eu me perdi, não to entendo, estava falando de Jesus ou da mulher com quem casou?
♫ E seremos a geração que dança♫
Na boa, seria melhor se fossem a geração que ora, que lê a Bíblia o que procura ter intimidade com Deus!
♪ Quanto tempo esperei, chegou a minha vez ♫
Esse cristão deve ser Corintiano! Hehehe
♫ Eu creio no poder da brasa viva no altar, incenso misturado a oração ♪
O que você anda fumando? Está doidão, hein?
“Não aceito isso na minha vida! Vou determinar!”
Jeremias 10:23 não te fala nada não? “Eu sei, Senhor, que a vida do homem não lhe pertence; não compete ao homem dirigir os seus passos."
“Se Deus não curou é porque ele tem pecado e não tem fé suficiente”
Você não está devendo nada para a Teologia barata dos amigos do Jó...
“Irmão só vota em irmão”
Alienado!
“Acho que Deus tá me chamando para ir à China”
Sei, já falou de Cristo para o seu vizinho?
“Viu que lançaram um chip de identificação subcutâneo? Deve ser a marca da besta.”
O que você acha ler a Bíblia ao invés do livro “Deixados para trás”?
“Hoje em dia não precisamos mais nos preocupar com a Lei”
A graça nos chama para liberdade e não para libertinagem. Safadinho...
“Dou o dízimo fielmente e Deus não tem escolha...”
Olha, ele tem sim! Não vai nessa!

Por fim, veja esse vídeo... LA-MEN-TÁ-VEL! Lamentável... Isso não é só no Brasil, mas vem ocorrendo em outros lugares do mundo.





03/07/2012

POMPA E CIRCUNSTÂNCIA - PARTE 1

Mais uma leitura do protestantismo evangélico brasileiro, na mesma linha do post "O 'ladrão', o 'Bispo', o 'Missionário' e o 'Apóstolo".
          

     Eu gostaria de pensar com vocês dois textos. Um é encontra-se em Isaias 1:10-19 e o outro em Apocalipse 3:14-20

           Isaías 1:10 “Autoridades de Jerusalém, escutem o que o SENHOR está dizendo! Moradores da cidade, dêem atenção ao ensinamento do nosso Deus! 11 O SENHOR diz: "Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês me oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não quero mais carneiros nem cabritos. 12 Quando vocês vêm até a minha presença, quem foi que pediu todo esse corre-corre nos pátios do meu Templo? 13 Não adianta nada me trazerem ofertas; eu odeio o incenso que vocês queimam. Não suporto as Festas da Lua Nova, os sábados e as outras festas religiosas, pois os pecados de vocês estragam tudo isso. 14 As Festas da Lua Nova e os outros dias santos me enchem de nojo; já estou cansado de suportá-los. 15 "Quando vocês levantarem as mãos para orar, eu não olharei para vocês. Ainda que orem muito, eu não os ouvirei, pois os crimes mancharam as mãos de vocês. 16 Lavem-se e purifiquem-se! Não quero mais ver as suas maldades! Parem de fazer o que é mau 17 e aprendam a fazer o que é bom. Tratem os outros com justiça; socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas." 18 O SENHOR Deus diz: "Venham cá, vamos discutir este assunto. Os seus pecados os deixaram manchados de vermelho, manchados de vermelho escuro; mas eu os lavarei, e vocês ficarão brancos como a neve, brancos como a lã. 19 Se forem humildes e me obedecerem, vocês comerão das coisas boas que a terra produz.”

            Apocalipse 3:14 “- Ao anjo da igreja de Laodicéia escreva o seguinte: "Esta é a mensagem do Amém, da testemunha fiel e verdadeira, daquele por meio de quem Deus criou todas as coisas. 15 Eu sei o que vocês têm feito. Sei que não são nem frios nem quentes. Como gostaria que fossem uma coisa ou outra! 16 Mas, porque são apenas mornos, nem frios nem quentes, vou logo vomitá-los da minha boca. 17 Vocês dizem: 'Somos ricos, estamos bem de vida e temos tudo o que precisamos.' Mas não sabem que são miseráveis, infelizes, pobres, nus e cegos. 18 Portanto, aconselho que comprem de mim ouro puro para que sejam, de fato, ricos. E comprem roupas brancas para se vestir e cobrir a sua nudez vergonhosa. Comprem também colírio para os olhos a fim de que possam ver. 19 Eu corrijo e castigo todos os que amo. Portanto, levem as coisas a sério e se arrependam. 20 Escutem! Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos.”

     Penso , depois de ler esses dois textos, que Deus tem dificuldades com pompas e circunstâncias. Isso está muito claro em Isaias, em que Ele se mostra farto dos adornos todos das Festas Litúrgicas de Israel e em Apocalipses, quando Ele diz que vomitaria os arrogantes de Laodicéia. Sabemos que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6).

     Por outro lado, vemos que também o homem tem dificuldades com simplicidade. Vemos que a religiosidade provoca um distanciamento de Deus a relação, o movimento vai paralisando, vai ficando estático, as coisas vão sendo embonecandas, e vai ficando nas coisas, ao invés de focar em Deus. A simplicidade da revelação vai dando lugar a um sofisticado aparato de coisas, coisas que são postas à frente da revelação e já não mais se têm acesso a Presença Real de Deus.

     Isso chega no tempo de Cristo, quando você lê Jesus expulsando os comerciantes do Templo (João 2: 16)“E disse aos que vendiam pombas: - Tirem tudo istodaqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!” Mercado = Negócio e Negócio é Negação do ócio; Culto é ócio Êxodo 05:01 “deixa o meu povo sair aodeserto para me adorar” ócio no sentido de que não é “pisar o barro e construir a casa” o trabalho pesado do Egito. Mas é o espaço onde as coisas acontecem de maneira prazerosa, por amor, dedicação, entrega, mas também pragmática (“com ordem e decência”)

     Qualquer negação desse ócio é negócio que vai conflitar com a própria idéia do Evangelho que se pauta pela graça (favor não merecido). Onde estão as músicas em que se ouve "nós", "servir", "socializar", "compartilhar"? Hoje só ouvimos "eu", "conquistar", "dominar", "possuir"... O Evangelho está hoje sendo apresentado como um produto e, sendo produto, necessita de uma boa embalagem (foca-se no exterior e não no interior). A divindade apresentada (que não pode ser o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo) é um ser que oferece coisas, bens em troca das "ofertas sacrificiais" (sempre financeiras). A vida passa a ser secundária, pois não é o seu ser, sua existência, sua integridade ou virtude, seu caráter que marcam a sua vida, mas o sucesso visto pelo que você tem - a prosperidade (na dinâmica que, se você tem é abençoado, se você não tem é desgraçado - coitado de Jesus que não tinha nem "onde repousar a sua cabeça"!)  


     Isso acontece com a Igreja no seu casamento com o Estado após a “conversão” de Constantino. Ela passa a ter grande poder temporal e se apaixona por este poder. Rígidas estruturas são levantadas e sólidas hierarquias são estabelecidas.   

     E chega nos nossos tempos também, quando essa religiosidade carente de simplicidade gera uma espiritualidade baseada no fetiche. “FETICHE – Objeto que é prestada adoração ou que é considerado comotendo poderes sobrenaturais”. Nisto o protestantismo evangélico brasileiro se ‘catolizou’ ou se ‘umbandizou’ (assumiu meio que de forma sincrética aspectos do catolicismo e da umbanda). Quem lembra de, quando pequeno, ao passar uma ambulância via-se um católico fazer uma cruz com os dedos e dizer “Cruz Credo!”; bom, o “está amarrado em nome de Jesus” é o “Cruz Credo” evangélico. Recentemente foi preso um ‘Pai de Santo’ por estelionato, pois prometia ‘trazer a pessoa amada em 3 horas’; bom, qual é a diferença dele para a flor da Igreja XXXX que vende a flor do amor que vai melhorar a vida afetiva do fiel... (!?!?). E por ai vai: é a “toalhinha molhada de suor do ‘Apostolo’ Fulano de Tal”... o “óleo ungido de Israel” a “água do Rio Jordão”. Todos eles dizendo que ali reside um poder vindo de Deus. São templos transformando fé em negócio, fazendo da fé uma coisa. A fé que era a simples e magnífica revelação de Deus ao homem.
     
     Sobre os objetos: Jesus toma o pão e o vinho e dá graças (agradece) por eles, mas não transmite poder a eles o pão continua um pão e o vinho continua vinho. Jesus trabalha os objetos como instrumentos de comunicação para falar de verdades profundas, verdades espirituais. No caso, da mesma forma que o trigo foi moído, triturado para ser para nós pão e a uva teve de ser pisada para nos dar o doce sabor do seu suco, assim foi Cristo moído, triturado, pisado para nos dar a Salvação. Ele morreu em nosso lugar. A religião trabalha os objetos como intermediação entre os devotos e as divindades e, por isso, só os especialistas da religião A ou B (os sacerdotes) podem manusear os objetos. No Evangelho qualquer um tem acesso ao sagrado, ou seja, a Deus e qualquer um tem acesso às bem-aventuranças espirituais.

     Se você tem desenvolvido algum tipo de espiritualidade baseada no fetiche, em nome de Jesus de Nazaré, deixe-se ser transformado pelo Espírito Santos. “Se o Filho do Homem os libertar, você de fato serão livres”. Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida” e se você conhecer “a Verdade, a Verdade vos libertará”.

     Temos então a necessidade de superar a religiosidade e pela simplicidade da Palavra de Deus, pela simplicidade do Evangelho conhecer “a boa, perfeita e agradável vontade de Deus” para nossas vidas.  (CONTINUA...)

ECCLESIA REFORMATA ET SEMPER REFORMANDA EST - CONCÍLIO VATICANO II

          Para os que estão estranhando o uso do slogan da Reforma Protestante para falar de um Concílio da Igreja Católica Apostólica Romana lembro que o Espírito sopra onde ele quer. "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabe de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" Evangelho segundo João 03:08

          Ainda pensando sobre oxigenação da Igreja e quando penso na tradição Católica Romana lembro da figura do papa João XXIII que deixou um legado a ICAR por ocasião do Concílio de Vaticano II onde provocou discussões, que podemos dizer, de uma abertura ao diferente (no diálogo com outras tradições cristãs) e o papel que a igreja deve ter na discussão sobre a responsabilidade dos sistemas econômicos injustos na geração e crescimento da pobreza.
            Esse Concílio teve grande reflexos na produção teológica Latino Americana. Após o concílio a igreja se desafiou ao exercício profético da denúncia à ditadura econômica e ao imperialismo internacional do dinheiro e resgate de valores tais como a justiça, a paz, educação, promoção do ser humano e da família. Valores que resultaram na Teologia da Libertação. Somos provocados a produção de uma teologia que traz consigo uma nova forma de viver a fé e de sentir igreja inserida junto aos pobres e cônscia da realidade que a cerca.  Uma leitura da realidade à luz da palavra indo, para a realização desta leitura, a fundo na realidade comunitária gerando um real comprometimento da igreja com as dimensões sociais e políticas da vida.
            Da empolgação emerge a frustração ao se constatar que este movimento fora tão duramente tratado pelo papado de João Paulo II e Bento XVI. Contudo, não devemos nos desanimar. Resiliência! Apesar das críticas recebidas e o conseqüente arrefecimento do movimento ele não acabou devido a essência da espiritualidade cristã que é o amor. Pelo amor, os primeiros anos do movimento da Teologia da Libertação foi uma nova maneira fazer teologia, acompanhado de uma nova maneira de viver o Evangelho de Jesus – uma nova espiritualidade comprometida com a vida e com a projeção social da fé mais efetiva do que contemplativa. Disto, são elencados elementos compõe essa nova espiritualidade:
      Seu valor profético;
      Sua atitude solidária;
      Sua abertura ecumênica;
      Sua paixão utópica;
      Seu compromisso político;
      Sua responsabilidade ecológica;
      Sua paixão pela vida;
      Ser ardor pastoral;
      Seu trabalho a favor da paz com justiça social
 Demos destaque a estes elementos em pontos, pois é inegável que todos eles podem ser utilizados para vivência de uma vida cristã relevante. Que verdadeiramente ama, e porque ama serve ao próximo. Que exerce a caridade a partir das necessidades concretas do outros, para isso mergulha na realidade do mesmo de maneira honesta. Que capta e aceita a realidade como ela é, não querendo mudá-la a fim de atender a gostos e interesses próprios, mas servindo com desinteresse.
            Está o desafio diante de nós de reconhecer as pegadas de Jesus na história concreta de sua época e traduzir esse modelo para nossa realidade, procurando fazer o que Ele faria dentro da conjuntura que vivemos dando assim continuidade a sua obra – anunciar o Reino de Deus, servir aos necessitados, imergir na realidade do povo e ser fiel a vontade Deus a despeito de todos os riscos advindos disto. Estamos falando de um verdadeiro encontro com o Senhor que nos transforma e nos faz pessoas novas e não de simples filiação a uma igreja. É mudança de convicção (teoria) e atitude (prática). Deixar se reinventar pelo Espírito, rompendo com os velhos padrões já instalados no seio da igreja entregando-se a uma conversão integral. Daí praticar um cristianismo que não tem amor pelo poder, mas que exerce o poder do amor.

E os Protestantes? ECCLESIA REFORMATA ET SEMPER REFORMANDA EST - REFORMA PROTESTANTE    VIVA AOS 495 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE
Outro texto interessante deste blog que de certa forma tem a ver com este assunto: AOS QUE FALAM ANTES DE OUVIR NA TEOLOGIA