15/09/2012

O BOM PRÓXIMO, SEMELHANTE, VIZINHO, AMIGO - O BOM SAMARITANO


* Hoje estou cumprindo a promessa feita em 26/abril/2012 de colocar o vídeo da mensagem "O BOM PRÓXIMO, SEMELHANTE, VIZINHO, AMIGO, SAMARITANO". Ok, demorei bastante para cumpri-la, na verdade eu havia me esquecido, mas ai está... Ah, no link acima está o vídeo da mensagem!


        Pra entender a nossa proposta hoje vamos precisar fazer um exercício, construir um itinerário para nortear nosso pensamento.
        Fazendo uma pesquisa mais profunda no texto original em grego, a primeira coisa que nos chama atenção é a presença da palavra grega plesíon que tem o seu correspondente hebraico que pode receber em português 3 possibilidades na tradução: amigo/companheiro; próximo; e vizinho. Veja nos versículos abaixo como a tradução, dependendo da Bíblia consultada, é feita:
Provérbios 27:14 – “Vizinho” (Almeida Revista e Atualizada ARA) “Amigo” (Nova tradução da Linguagem de Hoje, NTLH) – Não aparece (Nova Versão Internacional, NVI)
Pv 25:17 – “Próximo” (ARA) “Vizinho” (NTLH e NVI)
3º A palavra no hebraico traduzida para o grego (plesíon, na Tradução da Septuaginta) em Salmos 15:3 é, no português, traduzida como “Próximo” (ARA) “Amigo” (NTLH) “Semelhante” (NVI)
        Ou seja, quando estudamos línguas aprendemos que a língua em boa medida expressa a maneira como o povo que fala esta língua pensa. No caso as palavras: amigo, próximo e vizinho carregam, no ideário bíblico (do povo de Israel), um mesmo sentido. Agora, voltemos ao texto...
     1º - Nós temos aqui este homem que é intérprete (ARA)/Mestre (NTLH)/Perito (NVI)/Jurista (Bíblia do Peregrino, BP) que tenta pôr Jesus a prova perguntando o que ele deve fazer para herdar a vida eterna;
      2º - Jesus não legisla, mas aqui ele ratifica/confirma a Lei, não acrescenta nada a ela. A resposta está na própria Lei, por isso ele faz com que aquele que fez a pergunta responda;
        3º - Pra não “ficar mal” (pois ficou óbvio que a pergunta era um teste, tanto que ele mesmo sabia a resposta) o homem pergunta: “Quem é o meu próximo?”
        4º - Jesus  não responde quem é o próximo, mas diz o que caracteriza o bom plesíon, ou seja, o bom próximo / vizinho / amigo / semelhante através de uma parábola.
        5º - O homem entendeu bem a parábola e sua intenção e sem titubear, identifica corretamente aquele que se comportou como próximo/semelhante/amigo/etc... do homem ferido: “Aquele que agiu misericordiosamente para com ele.”
        6º - Jesus disse-lhe então: “Vai e faze tu o mesmo”.

Fica a reflexão para nós hoje:
        > Que tipo de vizinho/próximo/semelhante/amigo/ eu sou?
      > Será que questões raciais, religião, gênero (uma discussão que ta muito em voga hoje) influenciam o modo como eu trato os meus vizinhos?
        > Será que esses fatores limitam a minha obrigação de ajudar quando ele está em dificuldades, de demonstrar Cristo, de falar de Cristo?

        Depois das respostas mentais que demos as essas perguntas estamos sentindo vontade de mudar? De melhorar nosso desempenho nessa questão relacional?

A primeira coisa, irmãos, que precisamos para melhorar neste assunto são...

I) MUDAR A NOSSA ATITUDE MENTAL E DE PRÁTICA

        No tocante a atitude mental, estamos numa era que se tem chamado de Era Pós Moderna que se apóia em 3 pilares: Relativismo, Pluralidade e Privatização. O primeiro, como o nome já diz relativiza tudo: conceitos, valores, moral... O segundo coloca diante de nós uma série de possibilidades, uma diversidade de caminhos, opções... O terceiro é o que leva a reclusão do indivíduo em si mesmo, no fechamento meu para o outro em que não dou abertura a ninguém.
        Mas a igreja, ekklesía, é o grupo dos “chamados para fora”, não devemos nos “conformar com este mundo”, com a maneira de pensar, com o sistema, MAS “transformar pela renovação de nossas mentes” e na contra mão de nos fecharmos um para outro, devemos nos abrir um com outro. Essa é a “boa, perfeita e agradável vontade de Deus” (Rm 12:2) para seu povo, sua igreja composta de membros – membros uns dos outros (Rm 12:5 ARA)
        No texto abordado, Jesus não fala de teoria, mas a sua palavra é para nos educar na arte de sermos o próximo, o bom vizinho, o bom amigo... PRÁTICA. Ele propõe uma alteração o modo de pensar daqueles homens que interpretavam na perspectiva de Levítico, que próximo era o israelita (na prática dos doutores da Lei, podia se excluir pecadores e não observantes de forma que acabava que eles mesmos definiam quem era o próximo – era o seu igual). Jesus conta uma parábola a fim de criticar este pensamento e corrigi-lo.

Outra coisa importante para pensarmos sobre este texto é que para sermos bons vizinho, próximos, amigos...

II) TEMOS QUE INTERNALIZAR QUE É MELHOR DÁ DO QUE RECEBER (At 20:35), ATÉ PQ PODE SER QUE NÃO RECEBAMOS NADA EM TROCA DEPOIS DE DARMOS.

        Muitos de nós nos sentimos constrangidos de se aproximar de alguém, seja um vizinho, um amigo... Parece-nos muito mais fácil evitar o contato e se isolar – a privatização, que já falamos anteriormente. Mas este não é o paradigma encontrado neste texto e no restante da Palavra de Deus.
        No texto dessa parábola observamos o grande desprendimento desse Samaritano na prestação de ajuda a este desconhecido. E a parábola não continua de maneira que não dá pra saber qual foi a reação daquele que foi ajudado em relação a quem o ajudou.
        INTERNALIZAR é mais que APRENDER é quando muitas vezes não se sabe teorizar sobre um assunto, mas se sabe viver o conteúdo, no caso aqui, o conteúdo de ser um bom próximo, vizinho, amigo. “Melhor dar do que receber”.
        Na adversidade Deus nos quer usar como instrumentos da Sua Paz!

E uma última coisa a se observar para ser um bom vizinho, bom próximo, bom amigo, bom semelhante é...

III) PRATICAR A MAIOR DEMONSTRAÇÃO DE AMOR QUE SE PODE TER POR UMA PESSOA

        Quando abordamos o assunto amizade, vizinhança nos vem à mente muita coisa boa: As nossas boas e verdadeiras amizades; bons, simpáticos e velhos vizinhos... Mas também nos vem à memória as brigas com vizinhos, com amigos, colegas... E se houve briga o passo seguinte desejado, para que volte a harmonia de antes é a RECONCILIAÇAO.
        No texto que estamos debruçados hoje fica claro pra nós a intenção reconciliatória de Cristo quando o personagem que ele quer apontar como o “bom próximo” é um samaritano.
        É sabido que samaritanos e judeus não se davam bem, já há muitos e muitos anos. Em Jo 8:48 Jesus falando que aqueles que não recebiam a sua palavra tinham por pai não Abraão, muito menos Deus mas tinham por pai o Diabo, diante dessa denúncia ele é xingado. E seu xingamento é “ou vc é Samaritano ou é Endemoniado”. Samaritano era tido como cismático, meio pagão, infestado de sincretismo. Com isso podemos ver o clima que esses dois povos de origem comum tinham um com o outro.
        O discurso de Jesus faz que um Mestre da Lei considere este hipotético Samaritano, e lance sobre ele um olhar diferente – semente de reconciliação.
        E, quando penso nessa palavra eu vou lembrar do grande ministério dado por Deus à nós – Ministério da Reconciliação . 2Co 5:17-21

        A maior demonstração de amor que podemos ter para com no nosso vizinho, nosso amigo, nosso próximo, nosso semelhante é mostrar que há algo, que se chama pecado, que o afasta de Deus e que em Cristo, novamente podemos nos reconciliar com esse Deus que nos ama e quer se relacionar conosco.


CONCLUSÃO

Eu queria finalizar com uma Oração feita por um dos cristãos que mais admiro – Giovanni di Pietro di Bernardone. Ele que está inserido dentro do cristianismo de tradição Católica Apostólica Romana, mas que viveu seu ministério completamente à margem do sistema já corrompido da Igreja de sua época, podemos dizer que ele foi no seu tempo uma renovador e, porque não, um reformador do Cristianismo que já mostrava claros sinais de apatia, apostasia/distanciamento da mensagem de Jesus de Nazaré.

Viveu como um bom cristão, refletindo nas suas atitudes, nas suas palavras o que tinha no seu coração. E o que tinha no seu coração não era nada além do que nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo que pelo testemunho desse homem vemos que Ele estava entronizado no coração desse homem. Ela é muito conhecida por toda a cristandade das mais diversas tradições inclusive a protestante/evangélica a “Oração de São Francisco de Assis” que é como ficou conhecido Giovanni di Pietro di Bernardone.


"Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna."

Sejamos esse próximo, esse vizinho, esse amigo, esse semelhante aos que nos cercam. Amém!

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