* Hoje estou cumprindo a promessa feita em 26/abril/2012
de colocar o vídeo da mensagem "O BOM PRÓXIMO, SEMELHANTE, VIZINHO, AMIGO, SAMARITANO". Ok, demorei bastante para cumpri-la, na verdade eu havia me
esquecido, mas ai está... Ah, no link acima está o vídeo da mensagem!
Pra entender a nossa proposta hoje vamos
precisar fazer um exercício, construir um itinerário para nortear nosso
pensamento.
Fazendo uma pesquisa mais profunda no
texto original em grego, a primeira coisa que nos chama atenção é a presença da
palavra grega plesíon que tem o seu
correspondente hebraico que pode receber em português 3 possibilidades na
tradução: amigo/companheiro; próximo; e vizinho. Veja nos versículos abaixo como
a tradução, dependendo da Bíblia consultada, é feita:
1º
Provérbios 27:14 – “Vizinho” (Almeida Revista e Atualizada ARA) “Amigo” (Nova
tradução da Linguagem de Hoje, NTLH) – Não
aparece (Nova Versão Internacional, NVI)
2º
Pv 25:17 – “Próximo” (ARA) “Vizinho” (NTLH e NVI)
3º A
palavra no hebraico traduzida para o grego (plesíon, na Tradução da Septuaginta) em Salmos 15:3 é, no português, traduzida como “Próximo”
(ARA) “Amigo” (NTLH) “Semelhante” (NVI)
Ou seja, quando estudamos línguas
aprendemos que a língua em boa medida expressa a maneira como o povo que fala
esta língua pensa. No caso as palavras: amigo, próximo e vizinho carregam, no
ideário bíblico (do povo de Israel), um mesmo sentido. Agora, voltemos ao
texto...
1º - Nós temos aqui este homem que é
intérprete (ARA)/Mestre (NTLH)/Perito (NVI)/Jurista (Bíblia do Peregrino, BP)
que tenta pôr Jesus a prova perguntando o que ele deve fazer para herdar a vida
eterna;
2º - Jesus não legisla, mas aqui ele
ratifica/confirma a Lei, não acrescenta nada a ela. A resposta está na própria
Lei, por isso ele faz com que aquele que fez a pergunta responda;
3º - Pra não “ficar mal” (pois ficou
óbvio que a pergunta era um teste, tanto que ele mesmo sabia a resposta) o
homem pergunta: “Quem é o meu próximo?”
4º - Jesus não responde quem é o próximo, mas diz o que
caracteriza o bom plesíon, ou seja, o bom próximo / vizinho / amigo / semelhante
através de uma parábola.
5º - O homem entendeu bem a parábola e
sua intenção e sem titubear, identifica corretamente aquele que se comportou
como próximo/semelhante/amigo/etc... do homem ferido: “Aquele que agiu
misericordiosamente para com ele.”
6º - Jesus disse-lhe então: “Vai e faze
tu o mesmo”.
Fica
a reflexão para nós hoje:
> Que tipo de
vizinho/próximo/semelhante/amigo/ eu sou?
> Será que questões raciais,
religião, gênero (uma discussão que ta muito em voga hoje) influenciam o modo
como eu trato os meus vizinhos?
> Será que esses fatores limitam a
minha obrigação de ajudar quando ele está em dificuldades, de demonstrar
Cristo, de falar de Cristo?
Depois das respostas mentais que demos
as essas perguntas estamos sentindo vontade de mudar? De melhorar nosso desempenho
nessa questão relacional?
A primeira coisa, irmãos, que
precisamos para melhorar neste assunto são...
I) MUDAR A NOSSA ATITUDE
MENTAL E DE PRÁTICA
No tocante a atitude mental,
estamos numa era que se tem chamado de Era Pós Moderna que se apóia em 3
pilares: Relativismo, Pluralidade e Privatização. O primeiro, como o nome já
diz relativiza tudo: conceitos, valores, moral... O segundo coloca diante de
nós uma série de possibilidades, uma diversidade de caminhos, opções... O
terceiro é o que leva a reclusão do indivíduo em si mesmo, no fechamento meu
para o outro em que não dou abertura a ninguém.
Mas a igreja, ekklesía, é o grupo dos
“chamados para fora”, não devemos nos “conformar com este mundo”, com a maneira
de pensar, com o sistema, MAS “transformar pela renovação de nossas mentes” e
na contra mão de nos fecharmos um para outro, devemos nos abrir um com outro.
Essa é a “boa, perfeita e agradável vontade de Deus” (Rm 12:2) para seu povo,
sua igreja composta de membros – membros uns dos outros (Rm 12:5 ARA)
Na parte prática, Jesus no sermão
do monte (Mt 7:12) ensina-nos “Façam aos outros o que querem que eles façam a
vocês; pois isso é o que querem dizer a Lei de Moisés e os ensinamentos dos
Profetas.” Paulo escrevendo aos Gálatas como registrado no cap 6 vrs 7-10 diz:
“7 Não se enganem: ninguém zomba de Deus. O que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá. 8 Se plantar no terreno da sua natureza humana, desse terreno colherá a morte. Porém, se plantar no terreno do Espírito de Deus, desse terreno colherá a vida eterna. 9 Não nos cansemos de fazer o bem. Pois, se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita. 10 Portanto, sempre que pudermos, devemos fazer o bem a todos, especialmente aos que fazem parte da nossa família na fé.” (NTLH)
No texto abordado, Jesus não fala de
teoria, mas a sua palavra é para nos educar na arte de sermos o próximo, o bom
vizinho, o bom amigo... PRÁTICA. Ele propõe uma alteração o modo de pensar
daqueles homens que interpretavam na perspectiva de Levítico, que próximo era o
israelita (na prática dos doutores da Lei, podia se excluir pecadores e não
observantes de forma que acabava que eles mesmos definiam quem era o próximo –
era o seu igual). Jesus conta uma parábola a fim de criticar este pensamento e
corrigi-lo.
Outra coisa importante para pensarmos
sobre este texto é que para sermos bons vizinho, próximos, amigos...
II) TEMOS QUE INTERNALIZAR
QUE É MELHOR DÁ DO QUE RECEBER (At 20:35), ATÉ PQ PODE SER QUE NÃO RECEBAMOS
NADA EM TROCA DEPOIS
DE DARMOS.
Muitos de nós nos sentimos constrangidos
de se aproximar de alguém, seja um vizinho, um amigo... Parece-nos muito mais
fácil evitar o contato e se isolar – a privatização, que já falamos
anteriormente. Mas este não é o paradigma encontrado neste texto e no restante
da Palavra de Deus.
No texto dessa parábola observamos o
grande desprendimento desse Samaritano na prestação de ajuda a este
desconhecido. E a parábola não continua de maneira que não dá pra saber qual
foi a reação daquele que foi ajudado em relação a quem o ajudou.
O que a Bíblia nos ensina é (Pv 3:27)
“Quanto lhe for possível, não deixe de fazer o bem a quem dele precisa”. (NVI)
(Tg 2) “14 Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações? Será que essa fé pode salvá-lo? 15 Por exemplo, pode haver irmãos ou irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer. 16 Se vocês não lhes dão o que eles precisam para viver, não adianta nada dizer:"Que Deus os abençoe! Vistam agasalhos e comam bem." 17 Portanto, a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta”.
INTERNALIZAR é mais que APRENDER
é quando muitas vezes não se sabe teorizar sobre um assunto, mas se sabe viver
o conteúdo, no caso aqui, o conteúdo de ser um bom próximo, vizinho, amigo.
“Melhor dar do que receber”.
Na adversidade Deus nos quer usar como
instrumentos da Sua Paz!
E uma última coisa a se observar para
ser um bom vizinho, bom próximo, bom amigo, bom semelhante é...
III) PRATICAR A MAIOR
DEMONSTRAÇÃO DE AMOR QUE SE PODE TER POR UMA PESSOA
Quando abordamos o assunto amizade,
vizinhança nos vem à mente muita coisa boa: As nossas boas e verdadeiras
amizades; bons, simpáticos e velhos vizinhos... Mas também nos vem à memória as
brigas com vizinhos, com amigos, colegas... E se houve briga o passo seguinte
desejado, para que volte a harmonia de antes é a RECONCILIAÇAO.
No texto que estamos debruçados hoje
fica claro pra nós a intenção reconciliatória de Cristo quando o personagem que
ele quer apontar como o “bom próximo” é um samaritano.
É sabido que samaritanos e judeus não se
davam bem, já há muitos e muitos anos. Em Jo 8:48 Jesus falando que aqueles que
não recebiam a sua palavra tinham por pai não Abraão, muito menos Deus mas
tinham por pai o Diabo, diante dessa denúncia ele é xingado. E seu xingamento é
“ou vc é Samaritano ou é Endemoniado”. Samaritano era tido como cismático, meio
pagão, infestado de sincretismo. Com isso podemos ver o clima que esses dois
povos de origem comum tinham um com o outro.
O discurso de Jesus faz que um Mestre da
Lei considere este hipotético Samaritano, e lance sobre ele um olhar diferente
– semente de reconciliação.
E, quando penso nessa palavra eu vou
lembrar do grande ministério dado por Deus à nós – Ministério da Reconciliação
. 2Co 5:17-21
A maior demonstração de amor que podemos
ter para com no nosso vizinho, nosso amigo, nosso próximo, nosso semelhante é
mostrar que há algo, que se chama pecado, que o afasta de Deus e que em Cristo,
novamente podemos nos reconciliar com esse Deus que nos ama e quer se
relacionar conosco.
CONCLUSÃO
Eu
queria finalizar com uma Oração feita por um dos cristãos que mais admiro –
Giovanni di Pietro di Bernardone. Ele que está inserido dentro do cristianismo
de tradição Católica Apostólica Romana, mas que viveu seu ministério
completamente à margem do sistema já corrompido da Igreja de sua época, podemos
dizer que ele foi no seu tempo uma renovador e, porque não, um reformador do
Cristianismo que já mostrava claros sinais de apatia, apostasia/distanciamento
da mensagem de Jesus de Nazaré.
Viveu
como um bom cristão, refletindo nas suas atitudes, nas suas palavras o que
tinha no seu coração. E o que tinha no seu coração não era nada além do que
nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo que pelo testemunho desse homem vemos que
Ele estava entronizado no coração desse homem. Ela é muito conhecida por toda a
cristandade das mais diversas tradições inclusive a protestante/evangélica a
“Oração de São Francisco de Assis” que é como ficou conhecido Giovanni di
Pietro di Bernardone.
"Senhor,
fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde
houver ódio, que eu leve o amor;
Onde
houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde
houver discórdia, que eu leve a união;
Onde
houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde
houver erro, que eu leve a verdade;
Onde
houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde
houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde
houver trevas, que eu leve a luz.
Ó
Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar,
que ser consolado;
compreender,
que ser compreendido;
amar,
que ser amado.
Pois,
é dando que se recebe,
é
perdoando que se é perdoado,
e
é morrendo que se vive para a vida eterna."
Sejamos
esse próximo, esse vizinho, esse amigo, esse semelhante aos que nos cercam.
Amém!

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