26/12/2012

SURPREENDENTEMENTE DEUS

1 REIS 19.118
Vivemos em um período de manifestações espetaculares. As coisas tomam proporções que muitas vezes não têm. Fruto do poder da mídia do marketing, que engrandece produtos, pessoas, acontecimentos e coisas.
Parece que nada mais nos surpreende. É tanta coisa que acontece e nos choca que se diz: “Ah, nada mais me impressiona!” E, por outro lado, também já não prestamos mais atenção no que realmente importa. Já não prestamos atenção às coisas pequenas, tidas como insignificantes.
Em vista disso é importante meditar no Deus que Surpreende, que se manifesta de forma surpreendente. É essa situação que vemos nesta parte da vida de Elias (1 Reis 19.118). Herói bíblico, da fé, mas humano tal como eu e você, sujeitos aos limites da condição humana.

Elias em uma situação limite, mas Deus está no controle.
No texto, Elias está numa situação limite, em um “beco sem saída”. Elias, o profeta fiel à aliança do Senhor Deus, está conturbado. No capítulo anterior (1 Reis 18.20ss) ele está ameaçado de morte pelos profetas de Baal, mas os vence. Neste capítulo 19 ele se vê jurado de morte pela então rainha Jezabel, mulher de Acabe, rei de Israel. Elias teme Jezabel, pois ela domina o seu esposo, o rei Acabe – um rei fraco e infantil.
Elias está desolado. As palavras da narrativa denotam um momento de desconsolo, um momento de descaracterização do ser humano. Tragicamente o profeta, que sozinho há pouco havia zombado e derrotado os 400 profetas de Baal (1 Reis 18.20ss), agora pede a morte (v.4) . Seu sentimento é de tristeza, de amargura, de perseguição, de dor... Ele não vê saída, sentase embaixo de um arbusto e pede para si a morte.
Jó (cap. 3), Jeremias (cap. 20) tem a mesma experiência. Situações extremas, desconfortáveis, incertas, de extrema gravidade como a de Elias, de sofrimento como Jó, de perseguição como Jeremias, podem nos desanimar e levar a querer desistir.
Mas notem que é graças a Deus que Elias está nesta situação. É graças à palavra de Deus, é graças ao seu ministério profético, é graças a sua luta política, religiosa e civil que ele está nessa situação. Uma situação de desolação, uma situação limite.
Elias deita, angustiado, e só faz dormir. Um anjo o acorda uma vez e o alimenta e ele volta a dormir. Elias é um homem acostumado a pedir e ouvir uma resposta. A orar e acontecer. E ele está aguardando a morte que pediu. E a resposta vem na direção contrária. – Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho. (1 Reis 19:7). Por vezes Deus nos coloca em determinadas situações, mas não nos deixa sozinhos, nem desamparados. É como o salmista relata em Salmos 37,20 "Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão." E Paulo em 2 Coríntios 4:8-9 "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;" E Elias vai para o Horebe.

Elias ao monte Horebe; temos dificuldades de entender Deus
As montanhas no Antigo Testamento, e em todo o Antigo Oriente, eram consideradas a habitação dos deuses. O lugar onde se pode encontrar Deus. Hoje sabemos que Deus que se manifesta não apenas nos montes, mas fora deles também, Ele está em todo o lugar.
Elias insiste em fugir e no Horebe Elias entra numa caverna e passa a noite. Ele está escondido, com medo, apavorado com a possibilidade de ser humilhado e morto por Jezabel. Para ele é melhor morrer, pois derrotado o servo, seu Senhor (o Deus de Israel) também estará derrotado.
Escondendose, e fugindo do seu ministério, do seu trabalho, da sua vida. E é nessa caverna que a palavra do Senhor lhe vem. – Que fazes aqui Elias? (verso 9). Porque Elias está parado? O anjo avisou que o caminho é longo! A resposta de Elias é uma confissão de fé: “Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.” (v.10)
Isso parece plenamente justificável, é o que estrategicamente todo mundo faz! Esconder até que a tempestade passe, até a “poeira baixar”, até que a ameaça se dissipe e tudo volte ao normal. Mas o texto vai mostrando que a vida só voltará ao normal com suas lutas e com suas dificuldades. Deus precisa se manifestar surpreendentemente à Elias para que ele entenda isso.

Deus surpreende Elias
E começam as demonstrações às quais Elias estava acostumado. 11 “E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto; 12 E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz (brisa) mansa e delicada.”
Vento, terremoto, fogo são elementos da manifestação de Deus no Antigo Testamento. Vemos o exemplo da sarça ardente (Moisés). Elias estava acostumado com essas manifestações de poder, foi assim que Deus agiu com os profetas de Baal.
Mas surpreendentemente o Senhor não está no vento, surpreendentemente não está no terremoto, surpreendentemente não está no fogo. Elias vai ouvir a voz de Deus numa brisa (murmúrio) leve. O Senhor, surpreendentemente, passa numa brisa leve. Uma brisa, uma voz de calma, de paz, de tranquilidade. Deus está se manifestando de uma forma inusitada, de uma forma até então desconhecida, de uma forma surpreendente. Só a pergunta é a mesma “O que fazes aqui Elias?” (v. 13). A resposta de Elias é a mesma... “Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR Deus dos Exércitos...”
Mas a vontade de Deus é outra, a orientação é seguir para o caminho em direção a Damasco. É necessário coroar um rei. É necessário ungir um profeta (v.15 e 16). É necessário viver a vida cotidiana, voltar à vida pública, à política, ao ministério, à carreira proposta. E você dentro da caverna! A vida só voltará ao normal se Elias puder caminhar novamente. Se Elias puder cumprir a sua missão. Se Elias puder ir adiante.

Elias retoma seu caminho acompanhado (como sempre).
A vida retoma o seu ritmo normal quando Elias retoma o seu caminho animado pela palavra de Deus. Quando de forma surpreendente ouve a voz do Senhor. Elias retoma o seu caminho, o seu ministério. Certamente ele continua com medo, mas agora não é o medo que o leva à frente. Agora é a companhia de Deus que o anima. É a reconsideração de que Deus está presente exatamente nas horas em que se precisa dEle.
É isso que anima o profeta a ir adiante. Que anima profeta a (1) continuar fazendo política. A (2) clamar contra os pecados do seu povo. A (3) denunciar a opressão e a corrupção do reinado de Acabe. A (4) denunciar a idolatria a Baal, o desvio em que Israel estava andando. O trabalho é que dá ânimo ao profeta de continuar exercendo o seu ministério.
São novas dificuldades, novas lutas, mas novas vitórias. Novas situações se depararão na vida deste profeta, como se depara na vida de qualquer ser humano.
Entretanto, ele saberá sempre que o Senhor, o Deus de Israel, se manifestará inusitadamente, inesperadamente, surpreendentemente. Ele não tinha se dado conta, mas agora ele sabia que Deus estava com ele em todos os momentos.

Espero que ninguém esteja lendo este post esteja em uma situação tão delicada, tão conturbada, tão desesperadora quanto Elias. Mas se estiver, qualquer que for a situação, olhe nas coisas simples ao redor. Olhe nas manifestações que nos parecem insignificantes.
Ao invés de olhar apenas os fogos de artifício que estão para serem disparados neste fim de ano, olhe também para as coisas simples. Estejamos atentos a vontade de Deus. Ele nos surpreende a todo o momento com a sua manifestação. Em qualquer situação.
Não conhecemos toda a vida de Elias. Mas essa situação limite foi registrada para que todos saibam que o Senhor Deus está presente onde menos esperamos. Está presente nas coisas que não observamos. Deus está presente entre nós nas coisas pequenas e insignificantes, olhemos, pois para elas e sigamos o nosso caminho com a graça do bom Deus.

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