11/11/2012

AH, O AMOR...

Sermão pregado por mim na Primeira Igreja Batista em Vila da Penha (11/Novembro/2012).


        A declaração que me salta os olhos nesse versículo é a ação de amor que nele está expresso. “o Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” porque... e o escritor fica impactado por esse amor de tal forma que quer se fazer um como aquele que o amou.
     
O que é o amor? É difícil definir.

        Existe na filosofia uma coisa chamada “Maiêutica Socrática” era um exercício que Sócrates (469-399 aC) fazia com seus discípulos que:
·         Em 1º lugar ele os fazia duvidar do seu próprio conhecimento a respeito de um determinado assunto;
·         No 2º momento ele fazia com que seus discípulos concebessem uma nova idéia, uma nova concepção sobre esse assunto através de uma série de perguntas realizadas de maneira bem perspicaz, bem feita, direcionada.

        Platão (428-348 aC) se apropria dessa metodologia e busca conceituar as coisas de uma “maneira pura”. E ai ele pergunta “o que é coragem?” Seus discípulos começam a responder suas respostas, na verdade, são elas exemplo de coragem, mas a busca é por um conceito universal de “coragem”.
        Eu não sei qual foi o resultado dessa busca, qual foi então o conceito formulado para definir “coragem”. E eu também não saberia dizer ou buscar uma definição para a palavra “amor”.

        Não conseguiria falar do amor, mas do “amar”; o que faz quem ama? Imagino que o amor, e veja se você concorda comigo, (1) acontece quando eu abro um espaço no “palco da minha vida” à outra pessoa. Quando eu abro um espaço no espaço que é 100% para que outra pessoa esteja presente, possa existir no meu horizonte de possibilidades.

        Abrindo espaço para essa pessoa eu também e (2) reconheço o direito, a dignidade, o valor dessa pessoa que agora divide o espaço que deixou de ser só meu.

Eu (3) assumo o compromisso de cuidar dessa pessoa. Passo a cuidar dessa pessoa com o mesmo zelo que cuido de mim.

Os (4) meus planos consideram a presença dessa pessoa.
       
E digo a este pessoa a quem eu amo: Esse espaço era meu e somente meu, mas eu abro espaço para você e reconheço seu valor e a sua dignidade, não sou melhor do que você, nem você melhor do eu, e abrindo esse espaço para você assumo o compromisso de cuidar de você.” ISSO SERIA ÓTIMO se fosse recíproco, correto?

        Mas não é bem assim que acontece, pois, não raras vezes a pessoa com quem você dividiu o espaço que era originalmente só seu começa a achar que o espaço dela é pouco e que merece mais. Ai, com relação a essa pessoa que eu abri mão de um espaço meu, se eu tinha dois e agora eu tenho um, porque o outro eu te dei (vou te colocar nessa pra ilustrar melhor). Só que você acha que talvez eu não precise desse um que ficou comigo e me pede parte desse meu um. E faz chantagem! E diz: “Você não me ama, porque você não me dá um pouco da sua parte!?” (cara-de-pau, não?) E ai, por amor, (5) eu dou um pouco do que tinha ficado comigo, e mais um pouco até que, por amor, eu entrego tudo.

        Amar é ser persistente no cuidado ao outro ainda que com dano próprio ou sacrifício.

Ainda que convivendo com eventuais usurpações de direitos, que eu tenha que fazer a renúncias e limitar-me ao espaço mínimo, porque você egoísta como é, quer ocupar todo o espaço. E porque eu te amo a cada novo passo que você dava aumentando o seu espaço, eu dei passos para a borda do meu palco até que fiquei na pontinha e você se vira pra mim e diz “Quer saber, eu preciso dessa pontinha, ela esta me fazendo falta!” E você me empurra para fora do palco.
E minha pergunta agora é:...
       
Foi ou não foi essa a atitude que tomamos em relação a Deus?

        Que sendo criador de tudo, no seu amor,
1.   Ele nos criou (NÃO COMO ROBÔS, MAS) dotados de inteligência, de autonomia e dignidade. No espaço que era só dele, ele nos permitiu viver e...
2.   Ele se comprometeu a cuidar de você e de mim. Mas qual tem sido o nosso comportamento em relação a Deus senão de achar que o espaço que Ele nos deu é pouco e fomos afastando Deus da nossa vida?
3.   E ele cada vez mais foi nos dando mais coisas, se revelando através da Lei, dos Profetas, por fim ele entregou aquilo de mais preciso que ele tinha – O seu Filho, que “subiu no palco” para nos anunciar o Reino de Deus, reino de amor de Paz, Justiça, Harmonia... Mas nós não o acolhemos o fomos o rechaçando, repelindo do palco e quando ele estava na pontinha alguém foi lá e o pendurou numa cruz.

        E Jesus aceitou a cruz por amor. Mas porque isso?

        Ele aceitou a Cruz isso porque amor não é uma ação de Deus, mas, como diz I João 4,16 “Deus é amor. Está na natureza de Deus amar, deixar de amar é negar-se. Ele tinha duas opções:
        (1) Oferecer resistência à falta de reconhecimento desse amor e se impor. E dizer um chega! Um Basta! Mas ele não fez isso Ele não quer impor que você o ame, ele não quer que você o ame por coação ou coerção (violência), mas pelo prazer de amá-Lo e desfrutar da sua presença e convivência com Ele.
        (2) Ele não se impõe, todas as “manhãs suas misericórdias de renovam” como lembra o Profeta Jeremias em meio as suas Lamentações 3, “21 Disto me recordarei na minha mente; por isso esperarei. 22 As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; 23 Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade”. Renovam a cada manhã suas misericórdias, suas boas intenções e seus bons projetos e a Sua boa, perfeita e agradável vontade (Romanos 2,2) é pensada e gestada no seu ser com planos para nós.
TEMOS UMA DÍVIDA COM DEUS. A FALTA DE REJEITAR O SEU AMOR E SEU CUIDADO
        E se temos uma dívida com Deus, por não ter respondido a este amor, por Jesus nosso “escrito de dívida é cancelado” como fala Paulo aos Colossenses 2, 14 Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial,removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz.
        Escrito de dívida era uma expressão normalmente usada quando havia uma dívida reconhecida pelo devedor. Reconhecendo este amor, reconhecendo a sua falta na resposta à esse amor, você pode responder adequadamente a este amor abrindo o seu coração à Jesus e se tornando um discípulo de Jesus Cristo.

        E isso está a disposição de todos nós na carta à Tito 2,11 lemos que Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens Ela está disponível a todo o homem e mulher e é Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé e isto não vem de vós, é dom de Deus Efésios 2,8

                Aos amigos
        Meu amigo, meu convite hoje é que você se reconcilie com Deus! Porque o seu filho, Jesus Cristo E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;2 Coríntos 5,18
       
Você deseja se reconciliar com teu criador que tanto te ama. Você deseja abrir o seu coração à Cristo, ser um seguidor de Cristo cultivando, manifestando, compartilhando esse tão maravilho e imenso amor?

                Aos irmãos
         Jesus nos ensina a amar, nosso Deus nos ensina a amar na dinâmica do Salmo 18,35 "Tu me dás o teu escudo de vitória; tua mão direita me sustém; desces ao meu encontro para exaltar-me". Nós fomos escolhidos por Deus para descer:
·         Na auto limitação, na auto-humilhação;
·         Dar a quem pede a nossa túnica, a dar a capa também;
·         A caminhar mais uma milha;
·         Para perdoar não 7, não 70 x 7, mas sempre;
·         Descer para conquistar/cativar em amor;
·         Cativar caindo na graça de todo o povo.
Como conquistar se por vezes nós somos tão antipáticos a quem queremos alcançar? Quem não estiver disposto a descer não terá como viver a experiência do amar. Abrir espaço ao próximo e ama-lo, cuidar, amar incondicionalmente. nisto reconhecerão que são meus discípulos se amarem unsaos outros.

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