Nessa
caminhada na Teologia não foram poucos os colegas que se sentem meio perdidos
entre a fé e a razão. Não raro e ouvir: “estou em crise” ou “a gente não quer
ficar abalado, mas fica”. Isso quando não descambam para uma total incredulidade ante às verdades das Escrituras Sagradas. Mas sinceramente não penso que o culpado pelos abalos
sejam as novas informações, descobertas, os novos conteúdos da crítica textual
a afins. O que os abala é a fragilidade da experiência com Deus.
Creio
que nestes momentos o caminho não é questionar o conhecimento novo. O caminho é
visitar novamente nossas experiências que nos fundaram na fé cristã. Afinal,
cremos em Deus por causa dos grandes milagres que Ele pode operar ou cremos
nele pelo que Ele simplesmente é?
Vamos
imaginar o seguinte: se a Bíblia não relatasse qualquer ato sobrenatural
realizado pelas mãos divinas, ainda creríamos nEle com a mesma disposição? Por
que somos tão dependentes destas manifestações sobrenaturais para crer? Em
muitos grupos cristãos tradicionais há certo orgulho de nossos “cultos racionais”,
mas há tanta dificuldade de lidar com essas coisas. Vamos a Tomé!
Notem
que Tomé não queria viver baseado na experiência dos outros! Ele queria suas
próprias experiências, seu "chão" teológico tinha que ser concreto,
palpável. Ele não estava predisposto a crer no relato dos discípulos, queria
provar ao vivo e a cores. Tomé, até podemos assim considera-lo, era
racionalista!
Mas
não era positivista! Seu racionalismo o levou a uma experiência concreta,
corpórea. Contudo, ao chegar neste degrau, ao invés de optar por um positivismo
exacerbado, Tomé "volta atrás" e faz uma declaração tão teológica que nem
parece ter saído da boca da mesma pessoa: "Senhor meu e Deus Meu!"
O
Racionalismo de Tomé o levou a um encontro sagrado com o Deus que em todo tempo
andou do seu lado, mas Tomé não conseguia reconhecer! Seu racionalismo o levou
a tocar este Deus e por tocar, por ter uma experiência física, fez uma
declaração sobrenatural!
Teologia
é ciência. Ela tem métodos para investigação, tem regras, mas é uma ciência
especial. Gosto de pensar e assim creio que devemos procurar sermos capazes de estar "sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês" (1 Pedro 3:15)
Contudo, a razão por vezes (e não poucas vezes) apresenta limitações nos
assuntos tocantes a fé, mas ai, comungo ao convite de Calvino “quando nos cessa
a razão, rendamo-nos ao mistério da fé”. Concordo com ele, afinal fé “é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” (Carta aos Hebreus
11,1)
Se a
gente conseguir traçar em nossos caminhos a lógica da teologia do Tomé,
acredito que muitos conflitos entre fé e razão serão diminuídos.

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