31/10/2012

AOS QUE FALAM ANTES DE OUVIR NA TEOLOGIA


Primeiramente saibam do que estão falando! rsrsrs

Sinceramente não posso aceitar a demonização de "teólogos liberais". Atenção as aspas. Bom, em primeiro lugar é que esse termo vem sendo utilizado por inúmeras pessoas para abarcar um sem números de nomes de teólogos que apresentam temáticas, métodos, procedimentos, pressupostos totalmente diferentes uns dos outros para acessar, interpretar e aplicar o texto bíblico.

Já está gasto esse nome! Qualquer um que não concorde com a ortodoxia particular já vira “liberal” – O que é o teólogo liberal? Não existe “o liberal” como existe “o arminiano” ou “o calvinista” que divergem entre si em questões pontuais específicas da fé dogmática.

Querem colocar num mesmo saco Schleiermacher, Dietrich Bonhoeffer, Jürgen Moltmann, Karl Barth, entre outros... Já até sobrou para os teólogos latino-americanos René Padilha, Leonardo Boff e para o saudoso Milton Schwantes, que nos deixou ano passado, o rótulo de “liberal”. Ah! Fica a dica: não dá para colocá-los no mesmo saco não, isso só sublinha e reforça ignorância sobre o tema. Pecado isso... julgar sem conhecimento...

Ai vamos analisar quem são esses “defensores da ortodoxia e anti-liberal” a grandessíssima maioria são pessoas tacanhas ou, como um termo que pensei recentemente, “herdeiros gastões da teologia”. Sim, porque só gastam a teologia herdada replicando-a e se repetindo numa ecolalia infértil. Geralmente nunca leram uma linha um único trabalho completo de qualquer que seja um desses autores. E rotulam a todos por igual chamando-os de orgulhosos, vaidosos e piores adjetivos. Como papagaios (pela análise de outros, pela opinião de outros), são ávidos em condená-los ao fogo do inverno. Não conhecem as biografias desses homens em que muitos deles foram cristãos piedosos e dedicados ao seu rebanho.

Que há heresias em algumas dessas produções? Ora, sim, é claro que há aquilo que você pode chegar à conclusão de ser uma heresia! Assim como, na teologia tradicional, se você é um que entende que o batismo deve ser realizado somente quando a pessoa chega ao entendimento do que faz não vai aceitar o batismo infantil católico ou das igrejas de teologia reformada (Calvinistas, Anglicanos, Presbiterianos entre outros). ISSO É SÓ UM EXEMPLO, NÃO VOU DISCUTIR BATISMO AQUI NÃO, OK? Bom, mesmo que seja esse seu entendimento, com certeza você não abrirá mão dos diversos e preciosos conteúdos produzidos por esses irmãos. SIM, IRMÃOS! Deixe de ser exclusivista e sectarista!

A busca pelo vinho novo, fez com que há 495 anos um monge alemão tenha confeccionado umas tais 95 teses. Acaso não poderia Lutero ser considerado um “liberal” por Roma? Como observou Thomas Huxley "Toda verdade inédita começa como heresia e acaba como ortodoxia."

Questionem-se, informem-se! Com certeza, é mais fácil rotular dessa forma o "novo", e só beber o velho vinho em velhos odres. Mas devemos considerar que existe vinho novo em odres novos e, o mais importante é que na essência ambos são vinho. Portanto que não se coloque outra coisa diferente de vinho, busquem o vinho novo! Há teologia nova! Afinal, o contingente nunca deu, nem nunca dará conta de dizer tudo sobre aquilo que não se ponde conter e que é imensurável – o mistério de Deus!

Mas realmente, aviso, só pode questionar e rever suas bases quem tem alicerces firmes na experiência pessoal com Deus. Quem é simples “herdeiro gastão da teologia” não pode faze-lo dado que vive e alimenta-se da experiência de terceiros. Todos somos herdeiros na teologia. Herdeiros de Paulo, de Pedro, de Tiago, de todos os apóstolos de Cristo, bem como herdeiros de Clemente de Roma, o outro Clemente, Orígenes, Agostinho, Tomás de Aquino, John Huss, Lutero, Calvino, entre outros e mais recentes! Mas há quem é herdeiro aplicador, procura se ocupar em realizar contribuições relevantes lança-se a busca do vinho novo com humildade e dependência do Espírito Santo na dinâmica "transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Carta aos Romanos 12,2) Estes são aqueles que procuram estar “sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (1ª Carta de Pedro 3,15). Tudo realizado com muita humildade e submissão ao Espírito.

Gosto de pensar, além dos textos bíblicos citados, em duas frases. Uma que aponta para a busca que é do Pastor Ed René Kivitz “Quem ama a verdade não tem medo de debater. O pior que pode lhe acontecer é descobrir que está longe da verdade.”. A Segunda frase é de um que foi meu professor, Alessandro Rocha, que disse “somos anões em ombros de gigantes” dizendo da herança teológica que herdamos e da sempre pequena contribuição (anã) que podemos realizar.

Aqui já saí a tempo da picuinha “liberal x fundamentalista”, se é que de fato cheguei a abordar isso. Mas ressalto a pequenez de quem não se permite ler antes de criticar. A estes exorto humildemente, pois “responder antes de ouvir, é estultícia e vergonha.” (Provérbios 18,13) e aconselho que "examinai tudo. Retende o bem". (1ª Carta aos Tessalonicenses 5,21). Está criticando porque leu um artigo de “um cara que entende muito”!? Na boa, é você tão raso que não é capaz de produzir suas próprias impressões? Se leu "um cara que entende muito" muito bem, mas confira! Leia o autor criticado e seja você como os crentes de Beréia que receberam de Paulo e Silas "a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo" (Atos 17,11). Quer criticar algum pensamento fale pensamento de quem, de quê, por que, qual base (bíblica de preferência, sem texto fora do contexto como pretexto). Fundamente-se antes de taxar alguém como “falso ensinador”!

Atualizem sempre as suas teologias e a todos vocês peço coro ao lema da reforma:
“ECCLESIA REFORMATA ET SEMPER REFORMANDA EST”.

VIVA AOS 495 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE



ECCLESIA REFORMATA ET SEMPER REFORMANDA EST

do latim: "Igreja reformada em constante reforma" 




Até que um Lutero como este cairia muito bem no cenário Evangélico Brasileiro!


Enquanto Deus era visto apenas como um juiz, um distribuidor de castigos, um Deus que cobra pelo perdão, que negocia com o pecado e o sofrimento do ser humano, Lutero viveu na angústia, na escuridão, no medo, na escravidão, na opressão. Vivia o inferno!
Felizmente, Lutero descobriu na Palavra de Deus, na Bíblia, o Deus que oferece a graça. Ele redescobriu o Deus que não faz negócios com o seu amor e a sua misericórdia. Lutero redescobriu o Deus que ama as pessoas pecadoras, as pessoas fragilizadas, as desesperadas. Lutero dirá que só consegue entender Deus quem o compreende a partir do seu rosto voltado visivelmente para o mundo, no sofrimento e na cruz (Dreher, Martin N. et alllii. Somente Deus – quatro princípios para a vida. São Leopoldo: Ed. Sinodal, p.07).
O encontro de Lutero com o Deus misericordioso, que liberta, que é fonte de todo amor, da justiça, que se entrega em favor do ser humano, é que desencadeou a Reforma da Igreja. A busca de Lutero pelo Deus misericordioso culminou no encontro com Jesus Cristo, sua vida, paixão, morte e ressurreição. Foi por isso que Lutero disse crer significa fixar o olhar firme e continuamente em Cristo. Com este Deus, Lutero enfrentou a sociedade, a Igreja e o império! Com a fé nesse Deus, Lutero tornou-se protagonista da redescoberta da liberdade que, em Cristo, já fora dada à humanidade.

Leia também sobre a Reforma Protestante aqui e a Reforma do Concílio Vaticano II aqui.

30/10/2012

COLOQUE O SEU DEDO AQUI



        Nessa caminhada na Teologia não foram poucos os colegas que se sentem meio perdidos entre a fé e a razão. Não raro e ouvir: “estou em crise” ou “a gente não quer ficar abalado, mas fica”. Isso quando não descambam para uma total incredulidade ante às verdades das Escrituras Sagradas. Mas sinceramente não penso que o culpado pelos abalos sejam as novas informações, descobertas, os novos conteúdos da crítica textual a afins. O que os abala é a fragilidade da experiência com Deus.
        Creio que nestes momentos o caminho não é questionar o conhecimento novo. O caminho é visitar novamente nossas experiências que nos fundaram na fé cristã. Afinal, cremos em Deus por causa dos grandes milagres que Ele pode operar ou cremos nele pelo que Ele simplesmente é?
        Vamos imaginar o seguinte: se a Bíblia não relatasse qualquer ato sobrenatural realizado pelas mãos divinas, ainda creríamos nEle com a mesma disposição? Por que somos tão dependentes destas manifestações sobrenaturais para crer? Em muitos grupos cristãos tradicionais há certo orgulho de nossos “cultos racionais”, mas há tanta dificuldade de lidar com essas coisas. Vamos a Tomé!
        Notem que Tomé não queria viver baseado na experiência dos outros! Ele queria suas próprias experiências, seu "chão" teológico tinha que ser concreto, palpável. Ele não estava predisposto a crer no relato dos discípulos, queria provar ao vivo e a cores. Tomé, até podemos assim considera-lo, era racionalista!
        Mas não era positivista! Seu racionalismo o levou a uma experiência concreta, corpórea. Contudo, ao chegar neste degrau, ao invés de optar por um positivismo exacerbado, Tomé "volta atrás" e faz uma declaração tão teológica que nem parece ter saído da boca da mesma pessoa: "Senhor meu e Deus Meu!"
        O Racionalismo de Tomé o levou a um encontro sagrado com o Deus que em todo tempo andou do seu lado, mas Tomé não conseguia reconhecer! Seu racionalismo o levou a tocar este Deus e por tocar, por ter uma experiência física, fez uma declaração sobrenatural!
        Teologia é ciência. Ela tem métodos para investigação, tem regras, mas é uma ciência especial.  Gosto de pensar e assim creio que devemos procurar sermos capazes de estar "sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês" (1 Pedro 3:15) Contudo, a razão por vezes (e não poucas vezes) apresenta limitações nos assuntos tocantes a fé, mas ai, comungo ao convite de Calvino “quando nos cessa a razão, rendamo-nos ao mistério da fé”. Concordo com ele, afinal fé “é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” (Carta aos Hebreus 11,1)
        Se a gente conseguir traçar em nossos caminhos a lógica da teologia do Tomé, acredito que muitos conflitos entre fé e razão serão diminuídos.

11/10/2012

EU NÃO SOU UM CRISTÃO, MAS IREI À IGREJA NESTE DOMINGO

EMPATIA, essa é a palavra chave deste texto. É um exercício interesse colocar-se no lugar do próximo, deste que virá (ou não) para nossa Igreja no próximo Domingo. Confira!


Ok, eu não sou um cristão, mas finalmente tomei a decisão de vir à sua igreja neste domingo. Mas não espere muito de mim. Se algo mais importante aparecer, talvez eu não vá; neste exato momento estou planejando ir. Eu sinto que preciso ir, mas não estou certo do motivo. Eu quero lhe contar umas coisas sobre mim antes de nos conhecermos.

1. Eu não entenderei jargão religioso então esteja atento a isso quando nos falarmos. Eu não entendo quando você fala “morto no espírito,” “Deus está movendo em mim,” “coberto de sangue,” “eu preciso morrer para mim mesmo,” “você precisa seguir a Palavra,” “o que você precisa é uma nova vida,” etc. Se tivermos uma conversa cheia de termos de religiosos, eu provavelmente não compreenderei metade das palavras… e talvez pense que você é um pouco louco.

2. Quando você me perguntar se estou bem, saiba que não confio em você. É provável que conte uma mentira e direi que estou bem. Não que eu não queira contar-lhe; é apenas que eu tenho muitas dores guardadas e não estou certo que já confio em você. Que tal você me contar primeiro a sua história? Se eu gostar de você e perceber que você não está tentando ganhar a minha alma ou nada assim, eu lhe contarei a minha.

3. Eu consigo ser bem grosso, amargurado e irritado com algumas coisas. Se eu perceber em você um ar de superioridade, estou fora. Se você estiver apenas esperando a sua vez de falar ao invés de realmente me escutar, eu não vou me interessar. Não espere que eu goste de você.

4. Não faça questão de me apresentar para todo mundo que você conhece. Eu entendo que umas duas pessoas, tudo bem. Mas por favor, não faça uma fila de boas vindas! Eu só vou para ver como é e preciso do meu espaço.

5. Estarei buscando interesse genuíno em mim. Eu não quero sentir que sou seu projeto pessoal de salvação ou ser a sua medalha “Eu salvei um.” Se esse Jesus é quem você diz que é, então estou esperando ansiosamente por vê-Lo em você. É assim que funciona, não?

6. Eu terei perguntas. Eu preciso da verdade, não das suas preferências ou da sua religião; então você poderia me dizer apenas o que a Bíblia diz?

7. Eu preciso sentir-me bem vindo. Existe um tempo limite ou algo assim depois da primeira visita para que eu não me sinta mais bem vindo? Quero dizer, já estive em algumas outras igrejas e parecia haver uma pressão para eu tomar uma decisão ou algo do tipo. Quanto tempo até que eu não seja mais bem vindo?

Obrigado por me ouvir. Tenho certeza que irei neste domingo. Mas talvez não vá.

03/10/2012

PERDIDOS

Quem está perdido? Sob perspectivas diferentes todos desta charge estão igualmente perdidos e desorientados, infelizmente...

Oração do cego funcional da charge: "Oh, Senhor, nos dê poder para alcançar os perdidos... Oh!"

"EM NOME DA JUSTIÇA"

Enquanto a violência acabar com o povão da baixada
E quem sabe tudo disser que não sabe de nada
Enquanto os salários morrerem de velho nas filas
E os homens banirem as leis ao invés de cumpri-las
Enquanto a doença tomar o lugar da saúde
E quem prometeu ser do povo mudar de atitude
Enquanto os bilhetes correrem debaixo da mesa
E a honra dos nobres ceder seu lugar à esperteza.

Não tem jeito não.

Só com muito amor a gente muda esse país
Só o amor de Deus pra nossa gente ser feliz
Nós os filhos Seus temos que unir as nossas mãos
Em nome da justiça, por obras de justiça
Quem conhece a Deus não pode ouvir e se calar
Tem que ser profeta e sua bandeira levantar
Transformar o mundo é uma questão de compromisso
É muito mais e tudo isso.

Enquanto o domingo ainda for nosso dia sagrado
E em Nome de Deus se deixar os feridos de lado
Enquanto o pecado ainda for tão somente um pecado
Vivido, sentido, embutido, espremido e pensado
Enquanto se canta e se dança de olhos fechados
Tem gente morrendo de fome por todos os lados
O Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive,
não
Pois Deus se revela, se envolve, resolve e revive

Não tem jeito não, não tem jeito não.